sexta-feira, 10 de junho de 2016






Por falar em vazamentos


Cesar Vanucci

“Transparência é uma coisa. Vazamento de informações  parciais, sabe-se lá com que intuito, é coisa bastante diferente.”
(Antônio Luiz da Costa, educador)

Vou logo avisando: ao contrário do que sucede com muitos colegas de profissão, não tenho qualquer acesso às chamadas “fontes bem informadas”. De outra parte, não mantenho contatos chegados com próceres que circulem desembaraçadamente em domínios onde vicejam tricas e futricas de bastidores que acabam fomentando versões as mais variadas dos acontecimentos políticos. Tampouco faço parte de qualquer movimento de militância partidária ou ideológica, redutos sempre férteis em informações e especulações em torno de questões momentosas que atraem os holofotes da mídia.

O que me impele a escrever as coisas que digo, no prazeroso desfrute de uma liberdade de expressão que cuido de preservar em singela trajetória profissional, é sempre fruto de meras percepções pessoais. Intuições – chamemo-las assim – brotadas de razoável leitura dos fatos históricos e de despretensiosa busca como simples cidadão de explicações relativas à conduta comportamental humana.

Escorado em tais premissas é que me animo a anotar, outra vez mais, a impressão de que esses desconcertantes vazamentos de trechos de delações feitas em segredo de justiça, escancarando situações estarrecedoras e diálogos chocantes, vêm obedecendo a um método encaixado em sibilinos propósitos. Mesmo que se tenha em conta – seja sublinhado em boa verdade -, como consequência altamente positiva, a circunstância desse tipo de divulgação proporcionar condições para desmascaramento de conluios perversos e de conjuras mafiosas processados em “arranjos” clandestinos de rematada politicagem.

Se a liberação dos dados, abrangendo geralmente papos altamente comprometedores obtidos via “arapongagem eletrônica”, obedece realmente, como tudo leva a crer, a um determinado padrão, não fica difícil a observadores atentos concluírem revestir-se de suma importância, para compreensão exata dos fatos, entender qual o verdadeiro propósito, em última instância, desse singular procedimento de característica sistemática.  É lógico o pressuposto de que os responsáveis pela condução das investigações judiciais alusivas aos malfeitos cometidos por dirigentes políticos, agentes públicos e empresários inidôneos, condenem os tais vazamentos. Afinal de contas, eles não se enquadram nos ditames da lei. Como acontecem com frequência, a despeito disso, fica evidenciado que pessoas ainda não formalmente identificadas, com acesso privilegiado aos processos sigilosos, vêm se sentindo inteiramente à vontade para antecipar revelações escolhidas que, a exclusivo critério delas (quem são?), produzam forte repercussão midiática. Quais os reais intuitos desses atos de manifesta infringência institucional? Dessa estratégica propagação de informações que, fácil deduzir, expõem mazelas, sem dar garantias de que não estejam também, estrategicamente, a omitir coisas desabonadoras? O que se esconde, vamos e venhamos, atrás dessa divulgação seletiva?

A sociedade sabe o que quer. Exige transparência absoluta nas palpitantes questões nacionais. Caso, sem tirar nem por, das averiguações legais em curso concernentes ao salutar combate à corrupção da hora atual. A transparência é medida de irrecusável significado ético no regime democrático.  Não pode jamais ser ignorada pelos poderes competentes como instrumento valioso de aprimoramento institucional. Nada de confundi-la, todavia, com esquemas de divulgação sem paternidade definida nascidos nas sombras que respondam a propósitos difusos ou obscuros, obviamente, inquietantes.


Num passado bastante remoto


Cesar Vanucci

 “Os vestígios estão aí. (...) Um desses incríveis e misteriosos  vestígios surgiu em um deserto peruano (...) nos arredores de Ica.”
(J.J.Benitez, jornalista e escritor espanhol)


O Peru é um espanto. E Ica, lugar rodeado pelas areias brancas e pedregosas do deserto de Ocucaje, merece ser apontada como um espanto dentro do espanto maior. A região adquiriu notoriedade mundial com descobertas assombrosas que ficaram conhecidas como “as pedras gravadas de Ica”. Uma espécie de “biblioteca na pedra”, pode-se dizer.

A capacidade investigativa e a perseverança à toda prova de um professor chamado Javier Cabrera Darques, peruano de inquebrantável vontade, colocaram a humanidade inteirada de achado fantástico. Um achado que desafia a argúcia de pesquisadores experimentados e coloca em xeque teorias e teses científicas pacificamente assimiladas no conhecimento consolidado dos homens. Está claro que sobrou para o desassombrado professor uma carga bastante pesada de incompreensões e doestos, como decorrência dos arrojados conceitos que ousou estabelecer à volta das descobertas.

A explicação trazida para os milhares de seixos gravados, de tamanhos diferenciados, que Cabrera conseguiu resgatar, de datação antiquíssima, consideravelmente distante dos tempos conhecidos (há quem fale até em milhões de anos), é desnorteante. Tudo aquilo nada mais significaria senão uma espécie de documentação deixada por civilização tecnologicamente avançada, que pretendeu passar para os pósteros a essência de suas experiências de vida.

E aí, como é que ficam as coisas? As pedras estampam cenas inacreditáveis do ponto de vista científico. Registram realizações inteligentes produzidas por alguém que dominava saberes incomuns nas áreas da astronomia, da astronáutica, da medicina. Falam das relações desse “alguém” com o meio ambiente, com a terra que povoava, com sua fauna e flora. Divididas em séries, ou capítulos, as pedras gravadas de Ica, no Peru, estão recolhidas em dois museus. Um deles pertencente ao Estado. Outro, mais bem provido de peças, organizado pelo próprio professor Cabrera.

Ao contemplarem os enigmáticos registros, as pessoas experimentam emoções fortes, que vão do deslumbramento à perplexidade. As revelações mexem com a cabeça. Revolvem conceitos solidamente enraizados na mente coletiva. Deixam os observadores comovidos. Por mais espantoso que possa parecer, entre as informações assombrosas transmitidas nos seixos existem descrições pormenorizadas acerca de transplantes de órgãos; sobre o código genético; sobre espaçonaves utilizadas em deslocamentos pelo campo azul infinito do céu.

Como é que haveremos de nos comportar diante desse recado fabuloso, provavelmente deixado por uma civilização que tomou rumo ignorado, após passagem por este nosso planeta azul? Um dos “capítulos” do documentário das pedras gravadas de Ica alude a uma viagem cósmica de colossais proporções. Seres desconhecidos, à maneira de um êxodo, provocado talvez pela proximidade de grande cataclisma, “anunciam” sua partida com o destino de um ponto qualquer na constelação das Plêiades.

O professor Javier Cabrera Darquea, num livro precioso, intitulado “As mensagens gravadas de Ica”, considera que os seixos “explicam, racionalmente, muito mais do que, até o momento, a humanidade atual tem considerado enigmas e fantasias em torno da existência passada do homem.” Vale a pena ler o livro. Vale a pena visitar Ica.




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