sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Assim caminha a humanidade

CesarVanucci *

“Não existe guerra inevitável,
o que existe é falha de sabedoria.”
(Bonar Law)

Em artigo recente, falamos da fábula de dinheiro que, a começar pelas chamadas grandes potências, o mundo gasta na aquisição de equipamentos de guerra. Não considerados os valores de elevada monta, correspondentes às transações clandestinas, garantidoras do suprimento bélico dos intermináveis conflitos sustentados por guerrilheiros, terroristas e grupos armados dissidentes em numerosos pontos do planeta, os dispêndios globais a esse titulo absorvem cerca de 2.4% da riqueza mundial. Atordoa – mais do que isso, machuca fundo – saber que com soma menor é perfeitamente possível estabelecer-se o controle das emissões de dióxido de carbono que dão origem ao mortífero “efeito estufa”, ameaça bem tangível de uma catástrofe planetária.

Pelos cálculos dos cientistas, aplicando-se dois por cento do PIB mundial o mundo conseguiria desvencilhar-se dos apavorantes riscos do aquecimento global. Com fatia ainda menor da riqueza mundial é possível também mudar, para bem melhor, os padrões de conforto de enormes contingentes humanos marginalizados. Viventes que padecem, em diferentes latitudes do globo, das agruras de uma condição de vida abjeta, abaixo da linha de pobreza.

A constatação que emerge desse raciocínio é cruel. Ninguém em pleno juízo ignora que à coletividade humana é oferecida a possibilidade de optar pela utilização adequada e sensata dos recursos amealhados à conta do esforço produtivo de seus integrantes. Por que cargas d’água, então, as decisões tomadas pelas lideranças mundiais, no emprego dessa riqueza fabulosa, patrimônio comum da humanidade, contemplam exatamente, como no caso dos armamentos, realidades contrapostas ao bem estar da sociedade? Com certeira certeza, egoísmo, arrogância, práticas distorcidas de governança, despojadas de humanismo e de valores éticos - que sustentam ambições hegemônicas desvairadas -, fanatice fundamentalista política e religiosa de diversificados matizes constituem as fontes de inspiração dessas decisões malévolas, desapartadas do bom senso. E, também, desapartadas por completo, em que pesem as exaltações farisaicas, das crenças solidárias alegadamente cultuadas em tudo quanto é canto do mundo.

Concentrando o foco das atenções nos avanços tecnológicos de hoje, concebemos esperançosos a viabilidade de que possam eles, em algum momento, ser colocados ao inteiro dispor do bem estar social. Sentimo-nos chocados e amargurados, por conseguinte, quando confrontamos no noticiário as aventuras belicistas que os “senhores da guerra” apresentam, aqui e ali, como “respostas” às divergências humanas. O planeta, é sabido de todos, nunca conheceu verdadeiramente a paz. Imaginava-se, candidamente, que após a segunda guerra mundial a impetuosidade belicosa do gênero humano seria, finalmente, contida. Chegou-se até a pensar que “essa praga da humanidade, a guerra”, como definido por George Washington, pudesse vir a ser extinta da face da Terra. Ledo engano. Tudo continuou como dantes no quartel de Abrantes. E, na verdade, haja quartel pra estocar o volume descomunal dos instrumentos de destruição! A cada dia mais sofisticados, esses instrumentos não param de ser produzidos. E adquiridos.

A impostura das grandes lideranças mundiais – que não abrem mão do “direito” auto-outorgado de acionar o gatilho dos conflitos em circunstâncias de sua estrita conveniência –, com suas conclamações frequentes em prol da paz, produz volta e meia fatos contundentes. Os fatos anulam os efeitos das palavras de concórdia. Prega-se o desarmamento, mas nada é feito, realmente, no sentido da redução dos arsenais. Pelo contrário, eles são sempre expandidos. Defende-se a proscrição da bomba atômica. Propõe-se a proibição das bombas de desintegração, das minas terrestres, das armas bacteriológicas, tudo na base da fajutice, da mais deslavada hipocrisia. Quem tem, não se desfaz, jeito maneira, do material estocado. Quem ainda não o tem enfrenta censuras e sanções até obtê-lo.

E assim, por ínvias trilhas, continua caminhando a humanidade, proteja-nos Deus!



Avaliação de Desempenho

“Você pode exceder todas as expectativas, mas sua
avaliação depende sempre da competência de quem se põe a avaliá-lo.”
(Moral da história aqui relatada)

Deliro de montão com historinhas criativas, dessas que uma multidão de ignotos viventes bota pra circular nas ondas da Internet. Penso que a eles, os autores das historinhas, se deva conceder, por causa da inventiva posta airosamente à prova, reconhecimento e simpatia. Essa turma espalha informações, conhecimento, estimula reflexões, entretém o espírito. Contrapõe-se, com talento e disposições positivas, à enxurrada de manifestações malsãs que o fabuloso e mágico instrumento de comunicação à distância vê- se forçado, também, tantas vezes, a acolher.
Vários leitores destas maltraçadas já se deram conta dessa enlevante reação que me trazem os casos singulares, hilários, edificantes, inesperadamente recolhidos em suas pescarias pelo ilimitado oceano internáutico. Daí a razão de, volta e meia, este espaço veicular um que outro texto diferente, de procedência geralmente não identificada, aportado em meu endereço eletrônico. Caso da lapidar historinha, cujo título aqui aproveito, encaminhada por Jamil Mattar, companheiro de jornadas profissionais, funcionário graduado dos quadros da Prefeitura de Belo Horizonte.
“O dono de um açougue foi surpreendido pela entrada de um cão em seu estabelecimento. Enxotou-o, mas o cão, impassível, sem latidos, procedendo como se nada de extraordinário houvesse ocorrido, voltou logo em seguida.
O açougueiro pensou em espantá-lo outra vez, mas reparou que o cão trazia um bilhete preso na boca. Pegou o bilhete e leu: “- Pode mandar-me, pelo portador, 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor?”
O cão carregava, também, dinheiro na boca. Uma nota de 50. O açougueiro recolheu o dinheiro, enfiou as salsichas e a perna de carneiro num saco e colocou tudo na boca do cão, junto com o troco, em notas e moedas num envelope. O bicho desceu em marcha cadenciada a rua. Chegando ao cruzamento, depositou o saco no chão, pulou e apertou o botão mode que fazer o sinal passar pra verde. O açougueiro ficou realmente embasbacado. Como já estivesse praticamente no fim do expediente, resolveu fechar a loja e seguir o cão. O cachorro atravessou a rua até uma parada de ônibus, sempre com o açougueiro no encalço. Esperou, pacientemente, saco preso à boca, que o sinal fechasse para atravessar. Na parada, o cão sentou-se no banco, no aguardo da condução. Quando o primeiro ônibus chegou, foi até a frente, conferiu o número e voltou pro seu lugar. Outro ônibus chegou, o cão tornou a olhar, constatando que se tratava do coletivo certo. O açougueiro, boquiaberto, acompanhava tudo. Viu quando, mais adiante, em pé nas duas patas traseiras, o animal apertou o botão para parar o ônibus. Tudo isso com as compras penduradas na boca.
Cão e açougueiro saltaram juntos do coletivo. Caminharam um pouco, até que o cão parou diante de uma casa, deixando as compras no passeio. Em seguida, afastou-se um pouco, correu pra frente, lançando-se contra a porta. Repetiu o procedimento, mas ninguém, lá dentro, deu sinal de vida. Contornou, ao depois, a casa, pulando um muro baixo. Acercou-se da janela e danou a bater com a cabeça no vidro. Fez isso várias vezes. Voltou para a porta. Foi quando, de repente, um cara enorme, abrindo a porta, começou a espancar o bicho.
O açougueiro, perturbado com a cena, correu em direção ao homem, tentando impedí-lo de maltratar o cão, e dizendo: - “Deus do céu, ó cara, o que é que você tá fazendo? O seu cão é um gênio!” O homem respondeu de pronto, mal humorado: “Um gênio, como? Esta já é a segunda vez, só nesta semana, que este cão estúpido se esquece da chave!”.
Moral da história? Você pode excedertodas as expectativas, mas a sua avaliação depende sempre da competência de quem se põe a avaliá-lo.”

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Um comentário:

Flávio Freitas disse...

Lindo o texto. Vou utilizar como sensibilização da avaliação da minha equipe, na próxima semana. Tem que se tomar muito cuidado para não se agir como o dono do cão...

A SAGA LANDELL MOURA

O “X” da questão.

  *Cesar Vanucci “Babaca e hipócrita”. (Jornalista Guga Chaves, sobre Elon Musk)   A insolência do gringo endinheirado, agredindo ir...