Conspiração do amor
Cesar Vanucci *
“A palavra, uma vez lançada, voa irrevogável.”
(Horácio, epístolas)
Recebi a terna mensagem de pessoas queridas. Apreciei um bocado, como tenho certeza que o distinto leitor irá também apreciar, o que me foi transmitido e agora entrego à apreciação dos que me honram habitualmente com sua leitura. Não se trata, é óbvio, de recado passado com fito de proselitismo de qualquer coloração. Com proposta de tedioso dogmatismo. Trata-se, sim, de um tipo especial de palavra, impregnada de humanismo que, uma vez lançada, como diz Horácio em suas epístolas, “voa irrevogável”. Transfigura-se em pura magia. Apodera-se do coração e passa a reger a alma, como no entendimento de Ronsard.
Comprometi-me, comigo mesmo, a passar adiante a mensagem. Ela é endereçada a homens de boa vontade. Gente que mantém permanentemente acesa a esperança na construção de um mundo melhor dentro desta nossa conturbada pátria terrena.
”Na superfície da terra, exatamente agora, há guerra e violência e tudo parece negro.
Mas, simultaneamente, algo silencioso, calmo e oculto, vem acontecendo e certas pessoas estão sendo chamadas por uma idéia grandiosa.
Uma revolução silenciosa está se instalando de dentro para fora. De baixo para cima.
É uma operação global. Uma conspiração espiritual.
Há células dessa operação em cada nação do planeta.
Vocês não vão nos assistir na TV.
Nem ler sobre nós nos jornais.
Nem ouvir nossas palavras nos rádios.
Não buscamos a glória.
Não usamos uniformes.
Chegamos em diversas formas e tamanhos diferentes.
Temos costumes e cores diferentes.
A maioria trabalha anonimamente.
Silenciosamente trabalhamos fora de cena.
Em cada cultura do mundo.
Nas grandes e pequenas cidades, em suas montanhas e vales.
Nas fazendas, vilas, tribos e ilhas remotas.
Você talvez cruze conosco nas ruas.
E nem perceba...
Seguimos disfarçados.
Ficamos atrás da cena.
E não nos importamos com quem ganha os louros do resultado, e sim, que se realize o trabalho.
De vez em quando nos encontramos pelas ruas.
Trocamos olhares de reconhecimento e seguimos nosso caminho.
Durante o dia muitos se disfarçam em seus empregos normais.
Mas, à noite, por atrás de nossas aparências, o verdadeiro trabalho se inicia.
Alguns nos chamam de Exército da Consciência.
Lentamente estamos construindo um novo mundo.
Com o poder de nossos corações e mentes.
Seguimos com alegria e paixão.
Nossas ordens nos chegam da Inteligência Espiritual.
Estamos jogando bombas suaves de amor sem que ninguém note; poemas, abraços, músicas, fotos, filmes, palavras carinhosas, meditações e preces, danças, ativismo social, sites, blogs, atos de bondade...
Expressamos-nos de uma forma única e pessoal.
Com nossos talentos e dons.
Visando a mudança que queremos ver no mundo.
Essa é a força que move nossos corações.
Sabemos que essa é a única forma de conseguir realizar a transformação.
Sabemos que no silêncio e humildade temos o poder de todos os oceanos juntos.
Nosso trabalho é lento e meticuloso.
Como na formação das montanhas.
O amor será a religião do século 21.
Sem pré-requisitos de grau de educação.
Sem exigir um conhecimento excepcional para se chegar à almejada compreensão.
Porque nasce da inteligência do coração.
Escondida pela eternidade no pulso evolucionário de todo ser humano.
Seja, você também, a mudança que quer ver, em seu íntimo, acontecer no mundo.
Ninguém pode fazer esse trabalho por você.
Nós estamos recrutando. Talvez você se junte a nós.
Ou talvez já tenha até se unido. Todos são bem-vindos. A porta está aberta. Com amor e muita luz.”
É ou não é? Essa convocação no sentido de uma poderosa aglutinação de vontades; as “bombas suaves de amor” que ativistas sociais bem intencionados se dispõem a lançar nessa proposição conspiratória humanística e espiritual de se refazer o mundo pelo amor, tudo traz a tempos de hoje uma verdade verdadeira que é de todas as épocas: a serenidade de Deus está presente nas coisas que fazemos juntos. Isso aí.
Construção de vida
“É o meu novo namorido.”
(Madame apresentando companheiro na roda de amigas)
Assim, desde que o mundo é mundo. Em flagrantes triviais do dia-a-dia vão sendo esculpidos modelos de comportamento que passam, a partir de um momento qualquer, a ser adotados pela espécie humana. Em boa parte das vezes, mergulhada até o gorgomilo nas preocupações do cotidiano, a gente não se dá conta do que costuma rolar ao redor. Não toma tento de que vários lances banais, ao alcance do olhar, quase imperceptíveis, ajudam a compor nosso futuro proceder. Deles derivam o esboço de padrões, o delineamento de ações, a antecipação de reações, inusitadas muitas delas, aparentemente incompreensíveis, a serem incorporadas pelo controvertido bicho-homem na lida da convivência.
Os episódios abaixo falam coisas curiosas a respeito desse modelo de construção de vida.
Pela janela indiscreta do escritório, sentindo-se um tanto Jimmy Stewart em filme de Hitchcock, desliza o olhar solto, curiosidade indefinida, pela avenida movimentada. Um pormenor de somenos, dominante na vestimenta feminina lá fora, traz à tona, do fundo da memória, um punhado de cenas marcantes testemunhadas na infância já distante. Revê a jovem vizinha, simpática, charmosa, uma explosão ambulante de vitalidade, que passou, num dado instante, a ser abertamente hostilizada pelos adultos, até os próprios parentes, por ousar, em gesto vanguardeiro, lá pros idos de 50, sair de calça comprida em suas andanças pelas ruas. Garota atrevida, aquela! Não se dando por satisfeita, entendeu ainda, num acúmulo imperdoável de extravagâncias, de beber cerveja e fumar – imaginem só o tamanho da insolência! - em público. As reiteradas transgressões da ordem instituída valeu-lhe, naturalmente, estardalhante desprezo de grupos sociais influentes. Grupos esses, como de se imaginar, saudavelmente empenhados em desencorajar, com flamejantes advertências, em nome dos bons costumes e do recato feminil, moçoilas em flor com inclinações perversas para agirem com descaramento em locais públicos frequentados por famílias decentes.
As cenas incríveis desse passado relativamente próximo afloram, impetuosas, diante de uma evidência prosaica. As centenas de mulheres focalizadas com a teleobjetiva do olhar, em circulação na avenida, deslocando-se daqui pra lá e de lá pra cá, todas, sem exceção estão trajando calças compridas, jeans na quase totalidade. E, parte delas, denotando a mais completa naturalidade, sem constrangimentos e sentimento de culpa, carregam um cigarro preso aos lábios ou nos dedos das mãos. Com companheiro do escritório, ele solta inevitável comentário: “E pensar que aquela multidão feminina lá embaixo, nem de leve suspeita que, ainda outro dia, algumas mulheres audaciosas pagaram preço alto em intolerância, discriminação, humilhações, para que pudesse prevalecer, pra todo o mundo, o direito elementar de sair de casa com roupa mais apropriada ao seu perfil!”
Adiante. No (vá lá) “cyber cafe”, a professora de 40 anos matraqueia animadamente o computador, em pesquisa da escola. Interrompe a faina, de súbito, meio desconcertada, sem saber bem o que fazer a partir dali. Volta-se, o olhar interrogativo, pro filho menor que, ao lado, tudo acompanha. O guri, 11 anos, deixa cair uma proposta: -“Acesse a wikipedia.” A mulher retoma a tarefa, mas torna a empacar. Com um menear da cabeça, que nem fazem os indianos da novela, confessa-se sem condições de seguir em frente. O filho, então, propõe: “- Deixa eu tentar.” Ato contínuo, desaloja a mãe, aboleta-se no assento e assume, impávido colosso, o teclado do aparelho, com desembaraço e familiaridade de um Artur Moreira Lima num concerto de piano. Em fração de minutos dá por finda a operação. Imprime e passa o texto às mãos da emocionada genitora. (Entre parênteses. A expressão genitora remete a uma tirada cheia de verve do talentoso escritor, tribuno, jornalista e controvertido político Carlos Lacerda: “Mãe é mãe, genitora é a sua, progenitora é a avó.”)
Em frente. No boteco badalado, uma madame vistosa, recendendo a perfume de butique de luxo, traz a tiracolo um rapazote. Aparenta metade de sua idade. Ostentando traços de euforia no semblante de maquiage bem cuidada, apresenta o mancebo na roda de amigas. Resume a apresentação numa frase: “- Meu novo namorido.” Quer dizer, alguém mais do que um simples namorado. Mais, até mesmo, do que noivo de tempos antigos. Menos um tiquinho, talvez por falta de papel passado em cartório, do que marido. Namorido. Ora, veja, pois!
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
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Um comentário:
CÉSAR,
GOSTEI MUITO.
APROVEITO PARA DESEJAR-LHE UM ALEGRE NATAL E QUE O NOVO ANO SEJA PRÓDIGO DAS BÊNÇÃOS DE DEUS.
Denise
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