Cesar Vanucci *
“A humanidade está ameaçada”.
(Alerta da OMS )
Com a atenção focada nos
impactantes acontecimentos do Rio Grande do Sul, retomo a candente questão das
mudanças climáticas extremas.
Começo falando de um sugestivo texto de Robert
Frost, relativo aos sinais emitidos pela Natureza, para suavizar um pouco o
tema perturbador trazido à reflexão. Com a palavra o poeta estadunidense:
“Quantas vezes trovejou antes que Franklin compreendesse o sinal? Quantas maçãs
caíram na cabeça de Newton antes que compreendesse o sinal? A Natureza nos
manda sinais constantemente, repetidas vezes. E, de repente, nós percebemos o
significado deste sinal.”
Frequentes, ruidosos,
crescentemente ameaçadores, os sinais estão sendo captados por gente da
ciência, da ecologia, das lideranças comprometidas com o bem-estar social.
Cuidam elas, conscientes de sua missão no contexto civilizatório, de expedir
alertas fundamentados sobre os sinistros riscos que andam rondando a humanidade
em consequência dos desatinos praticados contra o meio ambiente. Os desmandos
são cometidos em nome de ganância desenfreada e de feroz utilitarismo, que
subjugam, implacavelmente, em favor de minorias, os sagrados interesses da
coletividade.
Em recente relatório produzido pela Organização
Mundial de Saúde é enfatizado que as mudanças dos eventos
climáticos ceifaram milhares de vidas
nos últimos anos. As modificações também estão ameaçando a segurança alimentar
e aumentando as doenças transmitidas por alimentos, água e vetores, além de
afetar negativamente a saúde mental de populações. O documento sustenta
que as alterações operadas no clima são uma das emergências de saúde mais
graves antepostas ao desenvolvimento social e econômico do planeta.
Paralelamente à manifestação da OMS, saiu publicada uma carta aberta que
traz como signatários profissionais da saúde de todos os continentes. Nela, 300
organizações, representantes de pelo menos 45 milhões de profissionais de
saúde, apelam por empenho da comunidade internacional para ações climáticas de
sentido propositivo.
No relatório da OMS é acentuado ainda que “Compromissos nacionais ambiciosos sobre o clima são
cruciais para os Estados.” A manifestação contempla os resultados de avolumado
número de pesquisas que confirmam as incontáveis e inseparáveis ligações
entre o clima e a saúde. O documento descreve, além disso, como ações
transformadoras em todos os setores, desde energia, transporte e Natureza, até
sistemas alimentares e financiamento, são necessários para proteger a saúde.
A pandemia
da Covid-19 nos revelou as ligações íntimas e delicadas entre humanos, animais
e nosso meio ambiente, pontuou o porta-voz da OMS, Tedros Adhanom. “As mesmas
escolhas insustentáveis que estão matando nosso planeta estão matando
pessoas”.
Tanto o
relatório da agencia da ONU, quanto a carta aberta dos homens da ciência, vêm
num momento em que eventos climáticos extremos sem precedentes e outros
impactos climáticos estão agredindo, de forma inclemente, cada vez mais, a
todos os seres vivos. Ondas de calor, tempestades e inundações arrebataram
milhares de vidas e perturbaram milhões de outras, ao mesmo tempo em que
afetaram os sistemas de saúde, as redes hospitalares e
centros de atendimento médico em momentos cruciais.
Noutro ponto
das abordagens feitas pela ONU é salientado que “A queima de combustíveis
fósseis está nos matando e a mudança climática é a maior ameaça à humanidade”.
Diz mais o documento: “Embora ninguém esteja a salvo dos impactos das mudanças
climáticas, eles são desproporcionalmente sentidos pelos mais vulneráveis e
desfavorecidos”.
Voltaremos a
falar do assunto.
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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