quinta-feira, 9 de maio de 2024

O Rio continua lindo, mas...

 


*Cesar Vanucci

 

“Uma verdadeira máfia, que tem entrado nas instituições, nos poderes, nos comércios e no sistema financeiro nacional”. (Governador Claudio Castro sobre as facções e as milícias no RJ)

 

O Rio continua lindo, como lembra Gilberto Gil, mas clamando por pronto socorro que possa curar as feridas abertas em seu tecido social. Refém das facções e milícias, sentindo-se insegura face à inoperância e corrupção de agentes  públicos, a chamada “cidade maravilhosa,” que soube encaixar na deslumbrante paisagem um complexo arquitetônico majestoso e febricitante, permanece há muito à espera de que alguém possa retirar as flechas do peito de seu Padroeiro para que São Sebastião do Rio de Janeiro possa ainda se salvar, conforme propõe Aldir Blanc em linda canção.

Na semana passada, outro surreal incidente voltou a encher de sobressalto a noite carioca. O serviço de inteligência da polícia detectou a presença, no Morro do Alemão, de integrantes graduados de uma organização do crime. As autoridades montaram uma operação de envergadura para a captura dos “fora da lei”. Mais de 300 policiais foram recrutados. Viaturas blindadas e até helicóptero foram mobilizados. O esquema de ocupação da área-alvo foi meticulosamente planejado. Quando o respeitável contingente policial, no romper da madrugada, chegou ao Morro do Alemão, deparou-se com uma situação inteiramente fora de todos os cálculos. Todas as ruas de acesso estavam bloqueadas com elementos encapuzados fortemente armados prontos para o enfrentamento da lei. Recebida a bala a guarnição policial reagiu, com o tiroteio estendendo-se por vários minutos, o que obviamente trouxe muito pavor aos moradores da comunidade. Nas horas seguintes o Governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, com desalento na voz, deu declaração pública reconhecendo o rotundo fracasso da operação, dizendo com todas as letras, pontos e vírgulas que os criminosos haviam sido dela informados previamente por agentes públicos inidôneos, pertencentes a banda podre da polícia. Isso aí representa mais uma prova assustadora da infiltração mafiosa nas esferas públicas no Rio de Janeiro, lugar que sempre foi visto no passado como a segunda terra natal de todos os brasileiros.

 

2) Bala perdida – Rio de janeiro , outra vez. No primeiro quadrimestre deste ano de 2024, quase cinquenta cidadãos, indefesos moradores de regiões dominadas por milícias e facções, foram atingidos por balas perdidas, durante troca de tiros entre a polícia e bandidos, entre membros de grupos criminosos rivais disputando território. Das pessoas atingidas oito vieram a falecer. Como é que pode?

 

3) Granadas – A Policia Federal acaba de revelar que as granadas arremessadas pelo ex-deputado Roberto Jeferson contra agentes da instituição, na véspera das eleições presidenciais, bem como as outras guardadas em sua residência, pertenciam ao arsenal da policia militar carioca. O desvio das mortíferas armas está sendo objeto de investigação. Ora, veja, pois!

 

4) Erro político – Por “falar em armas”, observadores argutos da cena pública admitem que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu “um tiro no pé”, cometendo erro político elementar, no discurso feito na manifestação em São Paulo na celebração do 1° de maio promovida pelas centrais sindicais. Foi quando pediu votos para seu candidato à Prefeitura paulista Guilherme Boulos. Pelo código eleitoral vigente posicionamentos dessa natureza, fora da fase pré-eleitoral, são taxativamente proibidos, implicando em punição para quem infrinja a lei. Mais do que de pressa, alguns partidos, entre eles o MDB que integra a colisão governamental, entraram com representações contra o Chefe do Governo na Justiça Eleitoral (STE) por propaganda antecipada. Que mancada!

 

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

Nenhum comentário:

A SAGA LANDELL MOURA

Eleições, primeiro turno.

*Cesar Vanucci “A eficiência da Justiça Eleitoral permitiu que o brasileiro fosse dormir no domingo já sabedor dos nomes dos eleitos.” (...