*Cesar
Vanucci
“Uma verdadeira máfia, que tem entrado nas instituições, nos
poderes, nos comércios e no sistema financeiro nacional”. (Governador Claudio
Castro sobre as facções e as milícias no RJ)
O Rio continua lindo, como lembra Gilberto
Gil, mas clamando por pronto socorro que possa curar as feridas abertas em seu
tecido social. Refém das facções e milícias, sentindo-se insegura face à
inoperância e corrupção de agentes públicos, a chamada “cidade maravilhosa,” que soube
encaixar na deslumbrante paisagem um complexo arquitetônico majestoso e febricitante,
permanece há muito à espera de que alguém possa retirar as flechas do peito de
seu Padroeiro para que São Sebastião do Rio de Janeiro possa ainda se salvar, conforme
propõe Aldir Blanc em linda canção.
Na semana passada, outro surreal incidente voltou
a encher de sobressalto a noite carioca. O serviço de inteligência da polícia detectou
a presença, no Morro do Alemão, de integrantes graduados de uma organização do
crime. As autoridades montaram uma operação de envergadura para a captura dos
“fora da lei”. Mais de 300 policiais foram recrutados. Viaturas blindadas e até
helicóptero foram mobilizados. O esquema de ocupação da área-alvo foi
meticulosamente planejado. Quando o respeitável contingente policial, no romper
da madrugada, chegou ao Morro do Alemão, deparou-se com uma situação
inteiramente fora de todos os cálculos. Todas as ruas de acesso estavam bloqueadas
com elementos encapuzados fortemente armados prontos para o enfrentamento da
lei. Recebida a bala a guarnição policial reagiu, com o tiroteio estendendo-se
por vários minutos, o que obviamente trouxe muito pavor aos moradores da
comunidade. Nas horas seguintes o Governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro,
com desalento na voz, deu declaração pública reconhecendo o rotundo fracasso da
operação, dizendo com todas as letras, pontos e vírgulas que os criminosos
haviam sido dela informados previamente por agentes públicos inidôneos,
pertencentes a banda podre da polícia. Isso aí representa mais uma prova assustadora
da infiltração mafiosa nas esferas públicas no Rio de Janeiro, lugar que sempre
foi visto no passado como a segunda terra natal de todos os brasileiros.
2) Bala
perdida – Rio de janeiro , outra vez. No primeiro quadrimestre deste ano de
2024, quase cinquenta cidadãos, indefesos moradores de regiões dominadas por
milícias e facções, foram atingidos por balas perdidas, durante troca de tiros
entre a polícia e bandidos, entre membros de grupos criminosos rivais disputando
território. Das pessoas atingidas oito vieram a falecer. Como é que pode?
3) Granadas
– A Policia Federal acaba de revelar que as granadas arremessadas pelo
ex-deputado Roberto Jeferson contra agentes da instituição, na véspera das
eleições presidenciais, bem como as outras guardadas em sua residência,
pertenciam ao arsenal da policia militar carioca. O desvio das mortíferas armas
está sendo objeto de investigação. Ora, veja, pois!
4) Erro
político – Por “falar em armas”, observadores argutos da cena pública admitem
que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu “um tiro no pé”, cometendo erro
político elementar, no discurso feito na manifestação em São Paulo na
celebração do 1° de maio promovida pelas centrais sindicais. Foi quando pediu
votos para seu candidato à Prefeitura paulista Guilherme Boulos. Pelo código eleitoral
vigente posicionamentos dessa natureza, fora da fase pré-eleitoral, são
taxativamente proibidos, implicando em punição para quem infrinja a lei. Mais
do que de pressa, alguns partidos, entre eles o MDB que integra a colisão
governamental, entraram com representações contra o Chefe do Governo na Justiça
Eleitoral (STE) por propaganda antecipada. Que mancada!
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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