terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Núcleo de espionagem


                                                                                            *Cesar Vanucci

“Organização criminosa infiltrada na ABIN.”(Alexandre de Moraes, Presidente do STE)

 

 Mais essa agora! Uma ABIN paralela, Santo Deus! Um serviço de informações clandestino enxertado dentro de um órgão oficial incumbido de prestar assessoria à Presidência da Republica com o objetivo de orientar estratégias do Estado em magnas questões no plano interno e no cenário internacional. Foi montado, no governo passado para fazer espionagem a granel atingindo milhares de cidadãos considerados, na maniqueísta avaliação dos detentores então do poder, “hostis” aos interesses palacianos. O inacreditável e sórdido monitoramento alvejou, segundo a diligente Policia Federal, elementos da cúpula política, ministros, governadores, magistrados, congressistas, jornalistas e também representantes do Ministério Público engajados em investigações contra milicianos cariocas, com realce para o intrincado “caso Marielle”. A paranoica empreitada não poupou nem mesmo aliados...

À medida que avançam as apurações, a perplexidade da opinião pública se agiganta, com as pessoas comuns indagando até onde essa história maluca irá chegar. O inimaginável está acontecendo. A PF levantou indícios de que o sistema paralelo de coleta ilícita de informações continuou mesmo depois das eleições e da posse. Os articuladores do mafioso esquema não  haviam interrompido até recentemente as operações. Utilizando aparelhos de alta sofisticação tecnológica, pertencentes ao acervo da ABIN, aparelhos esses deslocados sorrateiramente para residências e escritórios, valendo-se ainda, provavelmente de informações passadas sub-repticiamente por algum funcionário inidôneo, deram sequência aos rastreamentos das pessoas sob mira.

O levantamento de dados concernentes à história da chamada “ABIN Paralela” conduziu os investigadores a uma revelação valiosa. Em entrevista dada a um canal de televisão, em programa de grande audiência, o ex-ministro Gustavo Bebianno, já falecido, que pertenceu ao grupo mais próximo a Jair Bolsonaro, do qual acabou se afastando depois de forte desentendimento, contou que o ex-presidente falou-lhe, em dada ocasião, no começo do governo, de sua intenção de estruturar a tal “ABIN Paralela”, ele, Bebianno, e o General Santa Cruz, que também veio a deixar o governo por incompatibilidade, manifestaram sua discordância e apreensão à hipótese trazida por Bolsonaro.

Pelo que se está vendo, a crônica política brasileira tende a reservar capítulo bem alentado para descrever a penca de malfeitos produzidos no ciclo de governamental findo em 31 de dezembro de 2023.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

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