*Cesar Vanucci.
“Eu não quero morrer.” (Harret adolescente
brasileira, entre soluços, em vídeo transmitido de Gaza durante um bombardeio.)
Milhões
de pessoas ao redor do mundo, angustiadas e atônitas, acompanham ao vivo e a
cores os horrores de mais uma guerra. Prodigiosos instrumentos de comunicação,
criados com o objetivo de promover a união, a solidariedade e o bem-estar, a
televisão e internet transportam até nós, diretamente do teatro das operações
bélicas, as cenas apavorantes de um momento histórico perverso em grau supremo.
Revela-se aí, nas cenas de ódio e beligerância captadas pelas câmeras e
microfones de profissionais compenetrados de sua importante missão de informar
a opinião pública, outro clamoroso contrassenso do uso distorcido de invenções
surgidas com intuitos transformadores. Os “senhores da guerra”, em seu irremediável
desvario, fazem questão solene, uma vez mais de abdicarem da condição humana, de
se desvencilharem dos laços espirituais que recobrem de sublimidade a aventura
da vida.
Os horrores de agora tiveram seu começo no
insano ataque terrorista (Hamas) que entre outras crueldades fuzilou a sangue
frio centenas de criaturas inocentes entregues a afazeres cotidianos. Não houve
quem não se comovesse com o arrepiante episódio. Um capítulo tenebroso a mais da
guerra sem sinal de solução à vista que se trava há décadas, em territórios
considerados sagrados por pelo menos três grandes correntes do pensamento
religioso, o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Às macabras estatísticas dos
mortos e feridos deste primeiro momento juntou-se o arrepiante lance do nefando
sequestro de 200 cidadãos em sua maioria civis desramados entre eles numero
significativos de crianças e mulheres levados para locais incertos e não sabidos.
A
reação do país atacado, Israel, está sendo avassaladora. Utilizando todo seu
poderio bélico bombardeou indiscriminadamente o território de Gaza, onde o
inimigo possui base de operações e de onde são disparados foguetes tendo por
alvo áreas israelenses. O chamado Domo de Ferro, avançado aparato eletrônico pertencente
às Forças Armadas do Israel, consegue destruir em pleno voo grande parte desses
obuses. Gaza é considerada verdadeira prisão a céu aberto. Numa faixa que mede 40
km de extensão e 10 km de largura vivem em condições imensamente precárias 2
milhões e 200 mil pessoas, com
predominância de mulheres e menores. A Administração parcial é do Hamas que
desalojou da região, pela força, a Autoridade Palestina. Os Palestinos que ali
moram dependem para subsistência de recursos sob controle israelense. Água, energia
elétrica, gás, combustível, fornecimento de víveres e medicamentos e o transporte
além dos domínios em que se acham aglomerados, tudo isso vem de fora, passando
por severo monitoramento das forças de seguranças de Tel Aviv.
O fulminante contra-ataque, compreendendo uma
chuva incessante de mísseis sobre Gaza, vem causando destruição, mortes e
feridos em descomunal escala. Residências, hospitais, escolas tem sido
atingidos. Entre as milhares de vítimas civis existem jornalistas, funcionários
da ONU, da Cruz Vermelha, médicos e enfermos. Os “Médicos sem Fronteira”
emitiram um alerta quanto à impossibilidade de deslocarem pacientes hospitalizados
de um ponto para o outro do território, como as autoridades israelenses
exigiram diante da possibilidade de uma ofensiva terrestre. O território
bombardeado esta há dias sem água, luz, gás, medicamentos e alimentos.
A tragédia humanitária em curso clama por
ações resolutas da comunidade internacional no sentido de cessação das
hostilidades, criação de um corredor humanitário para saída de civis e para a
entrada de recursos que garantam a sobrevivência dos que ficarem.
Retomaremos
o assunto na sequencia
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