domingo, 22 de outubro de 2023

O horror da guerra visto daqui (I)


 

                                                                                                               *Cesar Vanucci.

 

Eu não quero morrer.” (Harret adolescente brasileira, entre soluços, em vídeo transmitido de Gaza durante um bombardeio.)

 

Milhões de pessoas ao redor do mundo, angustiadas e atônitas, acompanham ao vivo e a cores os horrores de mais uma guerra. Prodigiosos instrumentos de comunicação, criados com o objetivo de promover a união, a solidariedade e o bem-estar, a televisão e internet transportam até nós, diretamente do teatro das operações bélicas, as cenas apavorantes de um momento histórico perverso em grau supremo. Revela-se aí, nas cenas de ódio e beligerância captadas pelas câmeras e microfones de profissionais compenetrados de sua importante missão de informar a opinião pública, outro clamoroso contrassenso do uso distorcido de invenções surgidas com intuitos transformadores. Os “senhores da guerra”, em seu irremediável desvario, fazem questão solene, uma vez mais de abdicarem da condição humana, de se desvencilharem dos laços espirituais que recobrem de sublimidade a aventura da vida.

 Os horrores de agora tiveram seu começo no insano ataque terrorista (Hamas) que entre outras crueldades fuzilou a sangue frio centenas de criaturas inocentes entregues a afazeres cotidianos. Não houve quem não se comovesse com o arrepiante episódio. Um capítulo tenebroso a mais da guerra sem sinal de solução à vista que se trava há décadas, em territórios considerados sagrados por pelo menos três grandes correntes do pensamento religioso, o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Às macabras estatísticas dos mortos e feridos deste primeiro momento juntou-se o arrepiante lance do nefando sequestro de 200 cidadãos em sua maioria civis desramados entre eles numero significativos de crianças e mulheres   levados para locais incertos e não sabidos.

A reação do país atacado, Israel, está sendo avassaladora. Utilizando todo seu poderio bélico bombardeou indiscriminadamente o território de Gaza, onde o inimigo possui base de operações e de onde são disparados foguetes tendo por alvo áreas israelenses. O chamado Domo de Ferro, avançado aparato eletrônico pertencente às Forças Armadas do Israel, consegue destruir em pleno voo grande parte desses obuses. Gaza é considerada verdadeira prisão a céu aberto. Numa faixa que mede 40 km de extensão e 10 km de largura vivem em condições imensamente precárias 2 milhões e 200 mil pessoas,  com predominância de mulheres e menores. A Administração parcial é do Hamas que desalojou da região, pela força, a Autoridade Palestina. Os Palestinos que ali moram dependem para subsistência de recursos sob controle israelense. Água, energia elétrica, gás, combustível, fornecimento de víveres e medicamentos e o transporte além dos domínios em que se acham aglomerados, tudo isso vem de fora, passando por severo monitoramento das forças de seguranças de Tel Aviv.

 O fulminante contra-ataque, compreendendo uma chuva incessante de mísseis sobre Gaza, vem causando destruição, mortes e feridos em descomunal escala. Residências, hospitais, escolas tem sido atingidos. Entre as milhares de vítimas civis existem jornalistas, funcionários da ONU, da Cruz Vermelha, médicos e enfermos. Os “Médicos sem Fronteira” emitiram um alerta quanto à impossibilidade de deslocarem pacientes hospitalizados de um ponto para o outro do território, como as autoridades israelenses exigiram diante da possibilidade de uma ofensiva terrestre. O território bombardeado esta há dias sem água, luz, gás, medicamentos e alimentos.

 A tragédia humanitária em curso clama por ações resolutas da comunidade internacional no sentido de cessação das hostilidades, criação de um corredor humanitário para saída de civis e para a entrada de recursos que garantam a sobrevivência dos que ficarem.

  

Retomaremos o assunto na sequencia

Nenhum comentário:

A SAGA LANDELL MOURA

Privatização que não deu certo

    *Cesar Vanucci “Inadmissível! O apagão deixou SP às escuras por uma semana inteira” (Domingos Justino Pinto, educador)   Os ha...