sábado, 20 de maio de 2017




Atenção para a 
guerra cibernética


“Uma ameaça incerta e indefinível”.
(Júlio Rodrigues, especialista militar espanhol em cibernética)

Como já é do conhecimento dos leitores, os ponteiros do “Relógio do Juízo Final” foram recentemente acionados em meio minuto, ficando a apenas 2 minutos e 30 segundos das badaladas fatídicas. Instituído por cientistas consagrados mundialmente nas áreas das ciências exatas e sociais, entre eles um punhado de personagens agraciados com o Nobel, o relógio mencionado representa sinistra metáfora destes nossos turbulentos tempos. Apresta-se a medir o grau da temperatura dominante nas atividades internacionais, marcadas como sabido por erupções periódicas de insanidade.

O noticiário nosso de cada dia agregou recentemente aos fatores de risco intensamente anotados na agenda das preocupações gerais da humanidade mais um elemento provido de avassaladora força destrutiva. Já não bastava o terror das guerras, as guerras do terror; a asfixiante onda de fanatice fundamentalista; as endemias fora de controle; as indesejáveis tensões geradas pela injusta partilha do patrimônio das riquezas sociais nascidas do labor coletivo; as tragédias da fome alvejando milhões, com ênfase para a sempre esquecida África negra; o drama de expansão contínua dos refugiados; as agressões contundentes a Natureza? Não, não bastava. Na concepção de mundo do desvario humano, a cada conquista triunfante do saber, do trabalho, da criatividade deve sempre corresponder, como fatalidade inexorável, uma manifestação hostil, um registro sonoro de cunho belicoso.

Quando inventou a dinamite, Alfred Nobel respirou “aliviado”... “Não mais ocorrerão guerras”, vaticinou ingenuamente. Deu no que deu: as guerras se tornaram mais cruéis e devastadoras. O aeroplano saído das pranchetas do genial Santos Dumont foi saudado como marco fabuloso na história do transporte. Os “senhores da guerra” cuidaram, mais do que depressa, de “aperfeiçoar” a “máquina voadora”, transformando-a também num eficiente instrumento de extermínio da vida. O caso da energia nuclear, com sua fantástica potencialidade para criar inimagináveis condições de conforto e bem estar, ilustra magistralmente essa irrefreável tendência maléfica de se desfigurar propostas construtivas voltadas para o processo da evolução civilizatória.  Não fica nada difícil extrair do cotidiano outros exemplos de situações que configurem chocantes rupturas na marcha do desenvolvimento. É quando propósitos edificantes, derivados da inteligência e do engenho humanos, são impiedosamente confrontados por ações perversas fomentadas por ambições desmesuradas de mando.

Todo esse alinhavado de argumentos é para registrar que as escaramuças da apavorante “guerra cibernética” vêm se tornando, de certo modo frequentes. O chamado     “ciberataque” que infectou, indoutrodia, computadores do sistema de saúde do Reino Unido, bem como de órgãos públicos e privados em quase cem países, constitui mostra perturbadora do emprego com intuitos funestos de uma conquista eletrônica fantástica. Uma conquista vastamente disseminada por tudo quanto é canto deste mundo de Deus. Mundo onde o tinhoso habituou-se também a implantar seus enclaves.

Valendo-se de brechas vulneráveis na engrenagem operacional da internet, “hackers” não identificados, com o ostensivo objetivo de chantagear, apoderaram-se de arquivos valiosos e desativaram por algum tempo redes de comunicação eletrônica em diferentes partes do planeta. O fulminante ataque ficou conhecido por “zero day attack” (ataque do dia zero). Afetou com velocidade estonteante infindáveis redes de computadores com acoplamento de impressoras, redes corporativas onde predominem aparelhos conectados. Essa danosa modalidade de intervenção, no ver dos especialistas, é de acesso muito mais amplo do que possa supor nossa vã filosofia. Vários países com pretensões hegemônicas mostram-se aptos a usar o esquema em alta escala. Tem-se como certo que já andam fazendo isso, não é de hoje, por meio de suas agências de espionagem. Uma delas, estadunidense, a NSA, por sinal indicada como fonte matricial do programa (vazado de seus supostamente invulneráveis arquivos) norteador da ação deflagrada. Surgem indícios consistentes de que a lista dos “usuários” dessas invasões despropositadas está sendo acrescida de quadrilhas no âmbito do “crime organizado” e também de grupos terroristas.

Já imaginaram só as calamidades que poderão ser engendradas contra o interesse humano por esse tipo de gente? Dá arrepio conceber os malefícios decorrentes de uma guerra cibernética global. Nem num filme de ficção científica, desses que tiram o fôlego do espectador, seria possível retratar o caos que se instalaria com a eliminação, de repente, parcial ou total, dos registros gerais individuais alojados na “nuvem” da internet. A tal “nuvem”, com a competente ajuda de satélites, funciona como monumental e prodigiosa memória da presença do homem sobre a face deste confuso planeta azul.

Valha-nos Deus, Nossa Senhora! Bradarão muitos, com sobras de razões diante de hipótese tão aterradora.


  

Os prodígios da 
mente humana

Cesar Vanucci

“O fantástico, queira ou não o ser humano, 
está sempre presente em seu cotidiano.”
 (Henrique Rodrigues)

As extensas e intensas pesquisas de Henrique Rodrigues na área dos fenômenos transcendentes permitiram-lhe montar um acervo documental fabuloso, invejável. O saber que acumulou, na investigação e interpretação de acontecimentos insólitos, difíceis de serem compreendidos à luz do conhecimento convencional, assegurou-lhe lugar de destaque no cenário dos fatos que rolam nos inextricáveis domínios da parapsicologia e ciências correlatas.

Por conta de uma amizade fraternal de muitos anos, o saudoso professor, humanista de vasta erudição, deu-me a conhecer, em numerosos encontros, uma série de episódios extraordinários. Casos por ele próprio analisados, fotografados, filmados, no Brasil e no exterior.

Acodem-me à memória, à hora em que componho estas maldatilografadas, alguns registros por ele coletados a respeito de manifestações invulgares produzidas por certas pessoas dotadas de uma capacidade de memorização verdadeiramente prodigiosa. Tais personagens revelavam-se capazes de responder instantaneamente, na bucha, como se dizia em tempos de antigamente, a perguntas as mais desnorteantes relacionadas com cálculos aritméticos. Alguém propunha, por exemplo, a qualquer uma delas, uma equação matemática complexa. O resultado era dado certeiramente, num abrir e fechar de olhos, sem que houvesse a concessão de qualquer pausa ao operador para uma meditação mais aprofundada. Eles se saiam imperturbavelmente bem nos sucessivos e extenuantes testes a que eram submetidos. Algo incomum, inteiramente à deriva de explicação considerada lógica.

Interessante e oportuno recordar que há mais de uma década, num papo descontraído no Mercado de Uberaba, na praça em que fica localizada a sede da conceituada Universidade do Triângulo Mineiro, amigos apresentaram-me um jovem que detinha essa mesma singular capacidade para cálculos numéricos complexos. Não guardei-lhe o nome, mas ele, provavelmente, continua a exercitar seu dom, sem que talvez haja ainda ocorrido, por parte de especialistas científicos, interesse em analisar mais aprofundadamente o instigante caso.

Voltando às pesquisas de Henrique Rodrigues. Entre os casos investigados havia também o de um jovem inglês que detinha a assombrosa faculdade de memorizar, em nível requintado de pormenores, uma paisagem qualquer, ou mesmo uma cena urbana trepidante, transpondo as imagens captadas, com absoluta exatidão, para o papel. Ele se fixava, por rápidos instantes, no ponto ou em objetos postos sob o foco da atenção, e na sequência, com rigorosa e estonteante fidelidade, reproduzia todo o cenário assim contemplado. Num documentário elaborado com todas as cautelas recomendadas pelo rigor científico, o jovem traduziu, em traços vigorosos, nas circunstâncias descritas e em tempo recorde, tim-tim por tim-tim, os detalhes de uma imensa gravura referente a uma praça famosa de Londres. As janelas dos edifícios, as dependências iluminadas dos prédios, os postes, o arvoredo do logradouro, os letreiros das fachadas, os veículos retratados – tudo isso e tudo quanto mais se continha na gravura foram captados, com precisão atordoante, no desenho por ele elaborado. Era como se sua mente abrigasse o dom inusitado de poder fotografar o que os olhos viam e suas mãos o dom de poder “revelar”, quase que no mesmo momento, os objetos e cenas “fotografados” sob tão misteriosas circunstâncias.

Um outro conjunto fantástico de informações desconcertantes, pertencente ao acervo do professor Rodrigues, merece ser também  citado. Dizia respeito a um cidadão estadunidense que se notabilizou pela condição singular de conseguir imprimir nos filmes das câmeras fotográficas assestadas sobre a testa imagens de objetos e pessoas que, em estado de concentração absoluta, dizia estar “enxergando” com o olhar interior. Uma proeza estranha a mais não poder, evidenciada em testes à prova de estratagemas e burlas. Ignoro o destino dado a esse valioso material.









Murilo rocha *


PUBLICADO EM 12/05/17 - 03h00  O TEMPO

O depoimento do ex-presidente Lula anteontem para o juiz Sergio Moro, na 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, explicitou um vício de origem em todo o processo envolvendo o petista naquele foro. Lula é julgado por um adversário. O Ministério Público, responsável pela acusação, comporta-se como um simples coadjuvante. Investido de uma enorme popularidade e de um senso de justiçamento, Moro, apesar de dizer o contrário, se coloca – e é colocado por parte da imprensa sem nenhum constrangimento de ambas as partes – no papel de oponente, e não de árbitro. O embate entre o réu e os procuradores, do qual o juiz deveria tirar seu veredito, simplesmente foi substituído pela batalha entre réu e magistrado. A defesa e o próprio Lula, cientes dessa polarização, quiseram durante todo o depoimento escancarar essa anomalia jurídica. E conseguiram.
Na prática, todos perdem. Lula perde mais porque será condenado, independentemente se culpado ou inocente. Moro e toda a força-tarefa da Lava Jato já formaram convicção séculos antes da oitiva da última quarta-feira. Conversando, lendo e ouvindo especialistas do direito independentes, ou seja, fora do Fla-Flu promovido por defesa e acusação, parece haver uma percepção comum: não há provas no caso do triplex sobre o repasse do imóvel como propina paga pela construtora OAS para o ex-presidente. Mas pouco importa, o juiz Sergio Moro deixou-se envolver (ou se envolveu propositalmente) até o pescoço nesse combate e agora parece não haver mais volta. Caso não condene Lula nessa ação – ainda há mais quatro contra o ex-presidente nas quais diz-se haver provas –, o magistrado sofrerá um abalo em seu prestígio de super-herói contra a corrupção. Seu séquito o cobrará pela decisão, será chamado de “fraco” e perderá parte de seus seguidores. Por isso, no certame no qual é, ao mesmo tempo, contendedor e árbitro, Moro não sairá perdendo ou correrá o risco de ter seu prestígio abalado justamente por aqueles responsáveis por alçarem-no ao estrelato.

Quanto a Lula, joga com armas possíveis – seu carisma e habilidade política – sem também conseguir convencer de sua não participação ou ciência de todos os desmandos e esquemas de corrupção ocorridos durante seu governo e o da ex-presidente Dilma. Sua grande esperança reside justamente nos atropelos e arbitrariedades cometidos por procuradores e juízes no afã de condená-lo. Mesmo se sentenciado e preso, sendo impedido de concorrer à Presidência em 2018, emplacará dentro e fora do Brasil num futuro breve o enredo de vítima de uma grande perseguição política.

* Jornalista

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