quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Papa e o magnata talebã

Cesar Vanucci

“Apenas digo: esse homem não é cristão!”
(Papa Francisco referindo-se a Donald Trump,
 pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos)

“Uma pessoa que pensa apenas em construir muros, seja onde for, e não construir pontes, não é cristã.” A manifestação do Papa Francisco teve endereço certo. Contemplou Donald Trump, mas serve também para outros próceres mundiais, como não? Benjamim Netanyahu, do Israel, sem dúvida alguma entre eles, já que responsável pelo erguimento de quilômetros e mais quilômetros de muralhas, lembrando o muro de Berlim, na Terra Santa.

Já ele, o magnata talebã em versão ocidental, que as forças mais retrógradas do ultraconservadorismo estadunidense apoiam na disputa pela sucessão de Barack Obama, mereceu do carismático Pontífice mais essa referência: “Sobre se eu aconselharia a votar ou não votar, não me meto. Apenas digo: esse homem não é cristão.” Ao emitir tal parecer acerca do pré-candidato republicano, Francisco se baseou, por certo, nos reiterados anúncios feitos por Trump de que irá implantar um muro de 2.500 quilômetros na fronteira dos Estados Unidos com o México. O objetivo alegado para a ciclópica obra seria impedir a indesejável entrada de “nefastos imigrantes”. Mas a “guerra santa” prometida pelo cara contra imigrantes não ficaria adstrita ao colossal muro, caso o eleitorado estadunidense cometesse a insensatez de atribuir-lhe o comando da Casa Branca. A deportação de 11 milhões de cidadãos que, segundo ele, vivem ilegalmente nos Estados Unidos seria parte também de seus “planos de governo”. Planos que, aliás, abrangem entre outras insanas propostas o endurecimento dos esquemas de repressão instituídos nos tempos do xerife George Bush, de modo a que possa ser “regulamentada” a prática da tortura em interrogatórios policiais e militares.

Trump, que faz questão de exibir a Bíblia onde quer que mostre a façanhuda estampa na cata de votos, classificou de “vergonhosa” a atitude de Francisco ao aplicar-lhe o puxão de orelhas a que fez jus. Reportando-se à visita recente do líder da Igreja ao México, saiu com mais esta: “o governo mexicano fez comentários negativos para o Papa sobre minha pessoa, porque a intenção do mesmo é continuar saqueando os Estados Unidos, tanto na área comercial como na fronteira.” Confessou também – vejam só! – “orgulho de ser cristão”, dizendo que “na presidência não tolerarei que a cristandade se enfraqueça e seja atacada com constância, como agora acontece no governo Obama...”

Pelas posições ultrarradicais defendidas, Trump tem sido alvo de críticas dentro e fora dos Estados Unidos. Conseguiu aglutinar, de outra parte, apoios emblemáticos. Os dirigentes da Ku Klux Klan e o líder fascista Le Penn, francês, um dos que negam o holocausto promovido pelos nazistas, figuram entre os entusiásticos apoiadores de sua campanha.

Resolvam logo esse impasse

Cesar Vanucci

“A fosfoetanolamina é ou não é um medicamento eficaz? Solucionar logo essa pendência que já se arrasta por duas décadas!”
(Domingos Justino Pinto, professor)

O que acontece com a fosfoetanolamina sintética, conhecida também como “pílula do câncer”, é danado de intrigante. Por um bocado de tempo, calculadamente duas décadas, a substância foi produzida e distribuída gratuitamente – oportuno ressaltar – a pacientes necessitados pelo Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo. Um mundão de gente que utiliza a substancia assevera, com fervorosa convicção, ser a mesma provida de inegável eficácia terapêutica.

Mas não é bem esse o entendimento de muitos especialistas em oncologia. A reação desfavorável desses setores desembocou em intensa pressão junto às autoridades competentes visando a proibição de se fabricar o medicamento. Segundo suas alegações, a “fosfo” não foi objeto ainda de estudos científicos para avaliação dos eventuais riscos à saúde pelo uso continuo e nem tampouco dispõe do indispensável certificado da Anvisa.

Inconformados com a interdição de fabricação e distribuição determinada pelo Poder Judiciário de São Paulo, milhares de pessoas entenderam de impetrar medidas judiciais exigindo fosse restabelecido o fornecimento regular do produto, considerados os resultados favoráveis alcançados por tanta gente com a aplicação. Nada menos que 13 mil processos atulham o cartório do Fórum de São Carlos em sinal de discordância pela decisão judicial. A Procuradoria-geral da Universidade de São Paulo foi impelida a entrar com ação cautelar no STF, pedindo a suspensão de todas as liminares concernentes ao caso da “fosfo”. Paralelamente a tudo isso, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde anunciaram a constituição de grupos de trabalho com o fito de avaliar a proclamada eficiência terapêutica da “pílula”.

A disposição de promover esses estudos demorou um bocado a ser tomada. Afinal de contas já se passaram 20 anos desde que a fórmula medicamentosa começou a ser fornecida, sempre gratuitamente, pela Universidade em cujos laboratórios foi concebida. A atuação de bastidores, contrária à “fosfo”, por parte de grupos farmacêuticos poderosos é inocultável, como se depreende das divulgações pertinentes à questão.

Em contraposição ao argumento de que a inexistência de manifestação favorável da Anvisa veda o emprego da “fosfo”, é lembrado com constância por muita gente o fato de o SUS aplicar anualmente somas fabulosas na aquisição de medicamentos estrangeiros, recomendados formalmente para tratamento oncológico, e que não dispõem, pela mesma forma, de registro no referido órgão.

A expectativa no meio comunitário, sobretudo da parte dos que atestam a plena eficácia do remédio, é de que essa longa pendência seja logo equacionada. Se a “fosfo” resolve mesmo casos de câncer, podendo ser distribuída sem ônus ao bolso dos particulares e aos cofres públicos, o que resta aos responsáveis pela Saúde Pública é tratar de regulamentá-la com toda urgência possível. O papo controverso a respeito já foi mais longe do que devia.


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