sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Pandemia de cesáreas

Cesar Vanucci *

“Inaceitável esse procedimento!”
(Ministro Arthur Chioro, da Saúde)

Pelo conjunto de medidas que acaba de ser anunciado, o Ministério da Saúde parece mesmo decidido a por fim nessa “pandemia de cesáreas” propagada pelos serviços privados e públicos de assistência à saúde, com o primeiro dos setores mencionados assumindo a maior parcela de culpa no cartório pelos malfeitos detectados.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula em 15 por cento o índice tolerável de partos cirúrgicos. Entre nós, por conta de variados fatores, com realce para a mercantilização do processo e a ausência de orientação técnica adequada, os índices, considerados os mais elevados no rol dos países desenvolvidos, atingem as altitudes himalaianas de 84 por cento na faixa da assistência suplementar e de 40 por cento na esfera pública. Números que configuram quadro inaceitável, um verdadeiro e gravíssimo problema de saúde pública. Declarando-se no firme propósito de não mais aceitar, sob hipótese alguma, a cesariana indiscriminadamente como parto normal, o Ministro Arthur Chioro orientou os órgãos sob seu comando, com ênfase para a Agência Nacional de Saúde Suplementar, no sentido de que coloquem em vigor imediatamente normas capazes de interromper o descalabro apontado. Encarada por muitos, irresponsavelmente, como procedimento de mera rotina, as cesarianas a torto e a direito produzem danos pessoais e econômicos consideráveis. Oito entre dez casos de gestação assistidos pelos planos de saúde valem-se dessa alternativa obstétrica. Na rede pública, o condenável esquema também marca presença, se bem que em índice inferior ao da rede privada, conquanto ainda bastante exagerado para os padrões recomendados pela OMS. A ordem do Ministério é frear o abuso. Especialistas no campo médico asseveram que as cesáreas desnecessárias aumentam consideravelmente a probabilidade de o bebê nascer com problemas respiratórios e triplicam o risco de morte da parturiente.

As determinações previstas obrigam médicos, hospitais, clínicas, planos de saúde, agentes públicos da área, parturientes a obedecer critérios técnicos e administrativos fadados a eliminar, vez por todas, a prática irresponsável do parto cirúrgico desnecessário. O prazo estabelecido para que tudo seja posto a funcionar de acordo com os critérios traçados é de 180 dias. Sanções pesadas aguardam aqueles que se recusem a seguir as regras.

A resolução das autoridades, muito bem recebida pela opinião pública, demonstra a disposição governamental em enfrentar com rigor um dos muitos desafios hoje existentes nos sistemas de prestação de serviços públicos e privados na nevrálgica área da Saúde.

Tão benfazeja orientação oficial reacende na esperança popular o ardente desejo de que outras soluções possam vir a ser encontradas com referência a questões igualmente sérias enfrentadas pelos usuários dos programas assistenciais. Uma delas diz respeito aos abusos cometidos pelos planos com relação aos idosos. Brada aos céus uma exigência das operadoras. Em flagrante desrespeito à legislação brasileira, elas estabelecem que as contribuições mensais visando a continuidade da assistência sejam majoradas em percentuais elevadíssimos, insuportáveis, à hora em que as pessoas atingem faixas etárias diferentes. Quem chega, por exemplo, aos 60 anos vê-se constrangido a desembolsar valor equivalente ao dobro do que vinha até então pagando pelo seu sagrado direito de acesso aos serviços. Isso é simplesmente estarrecedor. É chegada a hora, então, Senhor Ministro, de se colocar freio também em tão extorsiva prática!


Reclames oficiais

Cesar Vanucci *

“Tá meio demais!”
(Argumento questionador de
lendário coronel de idos tempos)

Deu no jornal. No período de 13 anos, entre 2000 e 2013, as empresas estatais no plano federal carrearam mais de nove bilhões de reais em publicidade para veículos de comunicação social brasileiros. A nota preta despendida em “reclames oficiais” poderia, certeiramente dobrar, ou mesmo triplicar, caso alguém se dispusesse a computar todas as parcelas aplicadas, a esse mesmo título, por empresas e órgãos estatais dos governos estaduais e municipais.

O montante dos gastos com “propaganda das coisas fabulosas que os governantes realizam continuamente em favor da coletividade” faz aflorar à memória velha de guerra episódio ligado à figura majestática de um coronelão dos recuados tempos da infância. Personagem que deixou fama no lugar onde viveu. Homem temido, com proezas truculentas no currículo, segundo a lenda, mostrava-se bastante consciente do papel auto-outorgado de conselheiro-mor em questões de interesse envolvendo as pessoas que gravitavam à sua volta. Exprimia-se de maneira toda peculiar ao comentar situações e circunstâncias do cotidiano. Compunha frases que tomavam feição de sentenças. “O coronel disse isso”, “o coronel acha aquilo”: um mundão de gente se pautava pelos conceitos do coronel, levados bastante a sério. “Fulano é um bobão da Laurinda”; “Ciclano não reza pelo breviário do Padre Joanico”; “Beltrano se esqueceu do receituário do doutor Rozendo”. Seus ditos encerravam críticas generalizadas ao comportamento alheio. Cabe esclarecer que a citada Laurinha era uma mulher danada de mandona, Joanico um sacerdote piedoso e Rozendo um médico dedicado e virtuoso, unanimidade “busoluta” no apreço das ruas. O “busoluta”, segundo douta explicação do coronel, derivava de “bússola.” Expressão utilizada “mode que apontar rumo correto pras coisas”...
De certa feita, numa acesa discussão política, provocada pela análise das contas públicas da administração, o coronel cunhou dizeres que seriam bastante repetidos a partir daquele momento. Cientificado dos recursos aplicados num dos itens do orçamento, meneando a cabeça em reprovação, assumiu posição de censura ao gestor dos negócios, deixando cair: “Esse papo tá mais encompridado do que lamúria de pobretão na chuva. Os números tão meio muito. Meio demais. Há um baita exagero nos excessos!”
Recapitulando: nove bilhões em propaganda, talvez o dobro ou o triplo disso na canalização de recursos públicos para essa manjada e frenética disputa por espaço midiático com o Ricardo Eletro e a Casas Bahia! Sei não... sei lá! Isso é meio muito, meio demais. Um baita exagero nos excessos!
E não se perca a “ensancha oportunosa” de complementar o registro com eloquente ilustração. Nos últimos dias de 2014, em todos os intervalos do chamado horário nobre, até na horinha dos fogos, o governo de Minas, nos estertores do mandato, divulgou vibrantes peças publicitárias na televisão chamando a atenção do distinto público para o “colosso de realizações” promovidas em prol do bem comum como resultado de sua bem sucedida parceria com a Prefeitura de BH... Ora, veja, pois!



GALERIA DE ARTE

HEITOR DOS PRAZERES

RETRATOU O BRASIL 

EM SUA ARTE

HEITOR DOS PRAZERES


MORRO DA MANGUEIRA

Heitor dos Prazeres (Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1898 — Rio de Janeiro, 4 de outubro de 1966) foi um compositor, cantor e pintor autodidata brasileiro. Heitor começou a trabalhar cedo, na oficina do pai, marceneiro. Dominava o clarinete e o cavaquinho, e seus sambas e marchinhas alcançaram projeção nacional. Um dos pioneiros do samba carioca, Heitor compôs seu maior sucesso, Pierrô Apaixonado, em parceria com Noel Rosa. Nos anos 20, Heitor dos Prazeres foi um dos fundadores da escola de samba Vai Como Pode, que mais tarde chamou-se GRES Portela. Heitor dos Prazeres adotou a pintura como hábito após a morte da esposa. Nas artes plásticas, Heitor dos Prazeres teve seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior, com obras presentes em numerosas exposições. Menino do morro, filho de operário, sua vida seguiu a rotina de qualquer criança favelada. Ora trabalhava no ofício de seu pai, que era marceneiro, hora vadiava nas ruas do centro, entre a Praça Onze e o Mangue, região da mais refinada malandragem. Não é, pois de se estranhar que, já aos treze anos, fazia sua estreia nos registros policiais, ficando preso por dois meses na Colônia Correcional de Ilha Grande, sob a acusação de vadiagem, o que na época era tipificado como contravenção penal.
Pandeiro e Cavalete
A música foi a primeira paixão de sua vida, aprendendo, desde cedo, a tocar clarinete e, depois, cavaquinho. O samba e a marchinha surgiram em seguida, consequência do ambiente em que vivia e das rodas que frequentava, fonte de aprendizado e de inspiração. Depois veio o casamento, que não durou tanto, pois sua esposa faleceu quando ele tinha apenas 39 anos de idade. Foi então que, para preencher o vazio de sua vida, Heitor dos Prazeres começou a pintar aquarelas, ao sabor do vento, sem técnicas especiais; depois, passou para a pintura a óleo e aí, sim, foi, aos poucos, aperfeiçoando seu estilo próprio, até chegar às imagens claras e brilhantes que conhecemos hoje, com personagens em contínuo movimento e irradiando o calor humano. Uma festa sem fim. Era o cotidiano do morro que ganhava espaço e expressão em suas telas: as favelas, as mulatas, as brigas, as rodas de samba, tudo contado com extrema simplicidade, retratando as cenas mais comuns da vida do Rio de Janeiro, naquilo que a cidade tem de mais popular e autêntico. Nada de tristeza. Registrando o trabalho, o lazer e mesmo as desinteligências entre as pessoas, tudo é uma festa continuada, uma manifestação de apego à vida, de aproveitamento total de cada momento, como se fosse o único.
A imaginação é o que conta
Dotado de memória fotográfica, não precisava estar diante do objeto para retratá-lo. Simplesmente ia passando para a tela tudo aquilo que um dia vira e que ficara gravado em sua mente. Dono de uma imaginação extraordinária, não precisava mesmo ter visto nada. Diante de um quadro qualquer de Heitor sobre o homem do campo e a atividade rural, poucos acreditariam que ele nunca havia estado lá, vivendo o cotidiano do sertão, ou convivendo com o caboclo, apenas imaginou o que seria o dia-a-dia na zona rural.
O encontro com a fama
Heitor dos Prazeres alcançou em vida a consagração que muitos artistas só encontraram após a morte. Realizou exposições individuais em vários Estados, participou de coletivas, marcou presença nas bienais de São Paulo em 1951, 1953 e 1961. Seus quadros estiveram em exposições internacionais e chamaram a atenção pela ingenuidade com que foram abordados os acontecimentos mais triviais da vida carioca. Dizem que até a rainha da Inglaterra se impressionou com eles e mandou que fosse adquirida uma obra para sua coleção. Certo, mesmo, é que Heitor dos Prazeres ganhou efetiva ressonância no exterior e, para isso concorreu, com certeza, a honestidade com que reproduziu a gente simples do Brasil, sem enfeites, sem rebuscamentos, sem complicações. A obra de Heitor é o retrato, sem retoques, de uma cidade, o Rio de Janeiro, e de um povo, o povo brasileiro. (Texto de Paulo Victorino)




                     ESSE PAPA ADMIRÁVEL

Papa Francisco almoça com funcionários do Vaticano



JOGO ANIMADO – Clique ao lado 

Papa Francisco almoça com pobres

O Papa Francisco almoça, no dia de São Francisco, com os 

pobres no centro mantido pela  Caritas diocesana de Assis,

 Itália, em Santa Maria degli Angeli, uma estrutura com 23 

leitos e que fornece comida sem distinção de religião.

Fonte:http://video.repubblica.it/ Convento do Carmo,

 São Paulo


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O instinto belicoso do bicho-homem

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