Cesar Vanucci
“A democracia é boa, principalmente porque
todos os outros sistemas são piores.”
(Nehru)
Acompanhei com
toda atenção os lances alusivos às festividades da posse do Governador Fernando
Pimentel e da Presidenta Dilma Rousseff. No primeiro caso, marcando presença na
Assembleia Legislativa e na Praça da Liberdade.
A circunstância
de haver votado em ambos nas últimas eleições - por identificar sintonia em
suas propostas com as aspirações da sociedade, no sentido da execução de
políticas desenvolvimentistas que enfatizem o resgate da colossal dívida social
brasileira - concorreu evidentemente para explicar o entusiasmo pessoal diante
das cenas contempladas. Mas, o que mais me comoveu e sensibilizou, na verdade,
foi sentir-me engolfado, naqueles exatos momentos, ao lado naturalmente de
milhões de patrícios, pelo turbilhão cívico produzido por mais este frisante capítulo
da epopeia democrática brasileira.
Como bem
assinalou Pimentel na fala aos parlamentares, a emoção provinda da certeza de
que o processo eleitoral recém-findo faz parte, mercê de Deus, de nosso trivial
democrático é única, incomparável, insubstituível.
A democracia é,
antes de tudo, um estado de espirito, já disse alguém em instante iluminado.
Ninguém, em sã consciência – já foi sublinhado também –, imagina seja ela, a democracia,
um sistema perfeito. Um regime sem defeitos, que consiga eliminar, no
encadeamento dos processos políticos e administrativos inerentes, as falíveis
condições do comportamento humano, as contradições e conflitos que permeiam, a
débito de nossas tremendas incongruências, a convivência social. Só que, apesar
de tudo, em tempo algum na trajetória da vida, em lugar nenhum, ninguém se mostrou
até aqui suficientemente sábio e capaz para colocar no papel e muito menos na
prática qualquer outro modelo de condução da atividade política que se lhe
possa ligeiramente equiparar. Todas as desastradas tentativas, aqui e alhures, visando
substituir a democracia por sistema de governança autoritário resultaram invariavelmente
em verdadeiras tragédias coletivas e pessoais. Em catástrofes humanas
irreparáveis. Em momentos de trevas densas e de pavor contaminante e duradouro.
Liberdade de opinião, de reunião e de expressão sufocada; direitos básicos
espezinhados; escolha dos dirigentes pelo voto majoritário popular suprimida:
esses, os frutos daninhos das experiências antidemocráticas espalhadas mundo
afora.
Saber que a
democracia rege agora os destinos brasileiros é saber que o regime dominante contribui,
com todos os percalços inerentes às diversidades comportamentais humanas, para
elevar o nível moral e cívico da sociedade e exaltar o autêntico sentimento
nacional. Isso impulsiona-nos, todos os cidadãos, a não esmorecer no esforço de
garantir continuidade, no dia a dia, pelo somatório dos labores individuais, à
tarefa de fazer o Brasil cumprir sua vocação de grande potência no cenário
mundial.
Consagrados pela
votação alcançada, legitimados para o exercício das funções a que se
candidataram por força dos ritos democráticos irrepreensivelmente conduzidos
pela Justiça Eleitoral, rodeados da simpatia e da expectativa esperançosa das
ruas, a Presidenta e o Governador reafirmaram, na posse, o seu solene
compromisso com a democracia e com a causa superior do desenvolvimento
econômico e social brasileiro. É compromisso que exige gigantesco esforço, com
o apoio de todos, em prol do bem estar comunitário, da execução de reformas essenciais,
há tanto reclamadas. Reformas defendidas com abrasante ardor nos palanques
partidários e que acabam sempre ignoradas nos gabinetes executivos e tribunas
parlamentares. E nem é o caso de insistir, dando bastante ênfase à lembrança,
que esse compromisso compreende também combate sem tréguas à corrupção e a qualquer
outra mazela capaz de obstaculizar ações positivas de construção humana, ancoradas
na justiça, na fraternidade e nos preceitos éticos.
Que Deus ilumine
o trabalho dos governantes brasileiros empossados e que não lhes falte, no
curso da caminhada, a colaboração solidária e, sempre que necessário, crítica
da sociedade que representam.
Viva a
democracia!
Episódios surrealistas
Cesar Vanucci
“Algumas bizarrias destes confusos
tempos são mais surrealistas que
as telas de Salvador Dali.”
(Antônio Luiz da
Costa, educador)
Vereadores de
Belo Horizonte reavivaram recentemente uma versão, com toque bem sofisticado,
do “curral eleitoral” dos tempos do voto na base do “bico de pena” ou da
“marmita de cédulas”. Mode evitar eventuais deserções de última hora, que
pudessem prejudicar o triunfo, tido como “favas contadas”, no pleito para a
composição da mesa dirigente da Câmara, os edis comprometidos com a chapa
apoiada pelo Executivo foram confinados num hotel confortável, cumulados de
mordomias, até a hora de depositar os votos nas urnas. O esquema funcionou a
pleno contento e apresentou, além da vantagem comparativa das comodidades
oferecidas aos eleitores, um outro diferencial com relação aos “currais” de
antanho. O eleitor confinado sabia de antemão dos nomes a serem sufragados. No
passado, as coisas não corriam bem assim. Os votantes agrupados em “currais”
desconheciam, quase sempre, as pessoas para as quais seriam destinados os
votos. Se alguém, dentre eles, se aventurasse a indagar pelos nomes dos
personagens a serem votados, ouviria como resposta dos encarregados em manter o
“moral” da turma concentrada nos “currais”, protegendo-a de malsãs influências
externas, o seguinte: - “Mas como é que a gente vai saber dos nomes, se o voto
é secreto?”
“Mico” atrás
de “mico” A histeria de talibãs tupiniquins continua gerando o que, no
popular, é considerado “pagar mico”. Em Goiás, cidadão investido da condição de
procurador revelou-se possesso ao tomar conhecimento de que o governo
brasileiro estaria enviando jovens à Venezuela para receberem treinamento em
prol da incendiária proposta da tal “revolução bolivariana”. Pediu em altos
brados a instauração de rigoroso inquérito contra a União, exigindo do
Itamaraty as explicações devidas face à gravíssima denúncia. Pouco depois de
toda sua frenética movimentação, ficou sabendo que a “exportação” dos jovens
mencionada pela fonte em que se louvou para fazer as veementes denúncias dizia
respeito a uma região de Sucre denominada “Brasil”, e não ao país do mesmo
nome. País onde vive, trabalha e desfruta de liberdade para cometer toda sorte
de asneiras. Pelo que consta, o referido cidadão se recusa, até aqui, a
estender a mão à palmatória, mode retratar-se da vexação.
Já esta outra
aqui, também militante de falange radical, vereadora carioca, achou por bem
usar da tribuna para desancar colegas “comprometidos” com o tal “movimento
bolivariano”, seja lá o que isso signifique, centrando incandescentes críticas
no bigodudo presidente da Venezuela Nicolás Maduro. Toda explosão retórica teve
como fulcro manifestação simpática de companheiros no parlamento à figura do
lendário Chaves, personagem da televisão, recentemente falecido. O “carlitiano”
artista mexicano foi confundido pela raiventa parlamentar com outro Chaves
famoso. Hugo, ex-presidente venezuelano,
também já desencarnado.
GALERIA DE ARTE
A paixão de
Guignard
por Minas
Alguns trabalhos do mestre Guignard |
Alberto da
Veiga Guignard (Nova Friburgo, 25 de fevereiro de 1896 - Belo Horizonte, (25 de junho de 1962) foi um pintor que ficou famoso por retratar paisagens mineiras.
A formação do artista foi alicerçada em bases européias, pois viveu na
Alemanha dos onze aos 33 anos, frequentando as Academias de Belas Artes de Munique e de Florença (Itália).
No Brasil, tornou-se um nome representativo dessa década e da seguinte,
juntamente com Cândido Portinari, Ismael Nery e Cícero Dias .
Ainda jovem, orientou um grupo do qual participavam Iberê Camargo, Vera Mindlin e Alcides da rocha Miranda. Nessa época (1944), a convite de Juscelino Kubitschek, instalou um curso de desenho
e pintura no recém-criado Instituto de Belas Artes. A partir daí, apaixonou-se
pela cidade e mudou-se para cá.
Foi um artista completo, atuando em todos os gêneros da pintura – de naturezas mortas, paisagens, retratos até pinturas com temática
religiosa e política, além de temas alegóricos.
Guignard amava as montanhas de Minas Gerais, seu céu e suas cores, seu povo. Colaborou para a formação de artistas
que romperam com a linguagem acadêmica e ajudou a consolidar o modernismo nas artes plásticas em Minas. O período vivido em Minas está representado também no Museu Casa Guignard.
Seu corpo repousa na Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, onde viveu até 1962.
(Fonte:
Wikipédia, a Enciclopédia livre).
Nenhum comentário:
Postar um comentário