quinta-feira, 27 de novembro de 2014

 SEMANA MUNDIAL DO SERVIÇO LEONÍSTICO


ENCONTRO ECUMÊNICO MEMORÁVEL


¨ Painéis de estudos reuniram representantes de mais de uma dezena de culturas religiosas

¨ Assembleia festiva, com teatro lotado, homenageou 34 personalidades

¨ Espetáculo artístico de altíssimo nível emoldura histórica promoção leonística
Companhia de Dança Sesiminas fez uma apresentação arrebatante


Coral e conjunto de batuque da Unimed, uma beleza de espetáculo



Refulgente celebração leonistica

Cesar Vanucci

“Acabamos de participar de uma riquíssima experiência de aprendizado, diálogo e reflexão em torno do tema “Em busca de um mundo melhor”.
(José Monteiro da Silva, Governador do Lions)

Todos os anos o Lions Clube celebra a “Semana Mundial do Serviço Leonístico” na esfera de atuação da governadoria do Distrito LC4, com o envolvimento dos Clubes e da Academia Mineira de Leonismo. A comemoração deste ano, entre os dias 17 e 19 de novembro, ganhou  relevo todo especial, à vista do tema escolhido para reflexão, estudos e as atividades culturais levadas a efeito: “A busca de um mundo Melhor  - Travessia ecumênica e interreligiosa”.
Cinco painéis, com participação na condição de expositores de representantes das diferentes culturas religiosas, atraíram plateias vibrantes, com realce para a presença de estudantes e professores vinculados ao Instituto de Educação de Minas Gerais. Estes, por ordem das apresentações, os expositores: Pastor Jorge Diniz, da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil; Jornalista Romero Carvalho, da Sociedade Internacional para a Consciência de “Krishna”; Reverendo Bernardino Ovelar, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Professor Sidney Ferreira da Silva, especialista em candomblé afro-brasileiro; Dom Joaquim Mol, Bispo Auxiliar de Belo Horizonte e Reitor da PUC Minas; Irmã Márcia Maria Lobo Leite, dirigente do CONIC (Conselho das Igrejas Cristãs de Minas Gerais); Padre Dinamar Gomes Pinto, Vigário paroquial em Betim; Valeriane Bernard, coordenadora da Brahma Kumaris em Genebra; Professor Marcelo Gardini Almeida, diretor da União Espírita Mineira; Gurt Muller, da Comunidade Evangélica Luterana; Irmã Marizete Batista, da Congregação Paulina; Mauricio Godoy, membro do budismo tibetano.
Os debates, bastante animados, proporcionaram ao público a esplêndida oportunidade de conhecer mais a fundo os conceitos essenciais das varias doutrinas religiosas, permitindo ainda a constatação de que através do dialogo constante, compreendendo ações sociais conjugadas, é possível vislumbrar-se a eliminação, nas vivencias humanas, das desavenças de cunho ideológico que tantos malefícios acarretam. Vários grupos promoveram demonstrações artísticas.
A programação cumprida no curso da “Semana” culminou com uma festa cívico cultural grandiosa. Com as dependências do Teatro Francisco Nunes inteiramente tomadas, o Lions homenageou 34 personalidades com a outorga de troféus criados para enaltecer o trabalho de cada um na construção de um mundo melhor e em favor do diálogo ecumênico e interreligioso. O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi agraciado pela Academia Mineira de Leonísmo com a comenda “JK- Cultura, Civismo e Desenvolvimento”. Estas as pessoas homenageadas com os troféus “Lions–Solidariedade Social”: Deputado Adelmo Carneiro Leão; Padre André Callegari; Alba Duarte; Pastor Bernardino Ovelar Arzamendia; Celso Cota Neto; Deputado Dinis Pinheiro; Padre George  Rateb Massis; Henrique Vizibelli Chaves; Jacques Tadeu França; Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães; Padre José Cândido da Silva; Professor José Wagner Leão; Lieselotte Jokl; Luiz Roque; Maria Magdalena de Araujo; Irmã Márcia Maria Lobo Leite; Reverendo Márcio Moreira; Marcos Antônio Maldonado Moreira; Mauricio Alves Pereira; Marli Medeiros; Irmã Marizete Batista; Nelson Mateus Nogueira; Orestes Debossan Junior; Monsenhor Pedro Terra; Rosana Basile Ribeiro dos Santos; Salim Zaidan; Sergio Fernando Pinho Tavares; Sidália Xavier Silva; Sonia Sergio de Souza; Ulisses Martins Filho; Waldevino Batista de  Souza; Padre Willamy Feijó; Zélia Savala Rezende Brandão.
O Governador do Distrito LC-4, José Monteiro da Silva, discursou na ocasião. Este escriba também fez uso da palavra, como coordenador geral do evento. O Diácono Paulo Franco Taitson, professor da PUCMinas, agradeceu em nome de Dom Walmor, que não pôde estar presente ao acontecimento.
A parte artística da noitada de gala esteve a cargo, num primeiro momento, do Coral da Unimed, que apresentou números do folclore brasileiro, contando com o apoio de um grupo de batuque que integra o programa de incentivo cultural mantido com recursos da instituição. A apresentação foi muito aplaudida. A Companhia de Dança do Sesiminas, dirigida pela coreógrafa Cristina Helena, completou a programação artística, encenando uma adaptação do “Lago do Cisne”, com introdução de motivos brasileiros, A exibição foi arrebatante.


O Lions contou, para o êxito da promoção, com o decisivo apoio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, do CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs), Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Sistema FIEMG, Sesiminas, “Diário do Comércio” e de mais de uma dezena de organizações religiosas, além da colaboração do Sindicato dos Artistas de Minas Gerais. A consagrada atriz Magdalena Rodrigues, presidente do Sindicato, desempenhou com brilhantismo o papel de Mestre de Cerimônia na festividade.




Professor Paulo Franco Taitson, da PUCMinas, recebe, 
em nome de Dom Walmor, Arcebispo Metropolitano, a Medalha JK


Homenagens contemplaram figuras de destaque na vida comunitária



Escolher o bem é oração

Cesar Vanucci

“Como santa pode ser a guerra?”
(Marilene Guzella Martins Lemos, escritora).


A “Invocação a Deus” é ato tradicional nas atividades leonísticas. Cada evento da organização, que possui ramificações em todos os continentes, é sempre iniciado com uma palavra de reverência ao Ser Supremo.
Na recente celebração do “Dia Mundial do Serviço Leonístico”, 19 de novembro passado no teatro Francisco Nunes, BH, Marilene Guzella Martins Lemos, integrante de várias Academias de Letras, entre elas a Mineira de Leonismo, brindou o público, na “Invocação”, com as sugestivas palavras que se seguem. A propósito da autora, cabe adicionar a informação de ser ela também exímia “contadora de histórias”. Esta a “Invocação”:
“O homem sente carência, quer saber que influência norteia seu viver./ Quando sente a consciência e vislumbra o transcendente, sente a pequenez./ Conecta-se ao sagrado, é o místico em sua vez. Que força maior é essa? Causa, efeito?/ Quem fez tudo tão perfeito nesse mundo ao seu redor!/ Quem criou o que via? Epifania do conhecimento maior? / O homem segue, ideias se aprimoram, cria deuses e teogonias; rituais pelos quais moldam comportamentos. Em cada lugar brotam teorias, religiões, filosofias./ Zoroastro, Buda, Confúcio plantam pensamento./ Moises, em conexão sagrada, transmite da moral, os fundamentos./ Se grande a necessidade, maior a devoção; imensa a dor, é a fé solução./ Em meio ao caos, de semente divina nasce um redentor./ Do mundo, a esperança. Em curta vida, ensina, acima de tudo, o amor. / E fé. Tão simples a lição! O nome, Jesus de Nazaré. Caminha pela terra, mostra a luz. / Por poder e arrogância usam sua cruz em guerras santas. Como santa pode ser a guerra?/ Símbolo de uma era, pregou o entendimento, não a desavença./ Por ritos, heresias, dogmas, crença e descrença negam a paz./ Dissidências com motivo, sem motivo, inúteis, tanto faz./ Aldeia global, mundo sem barreiras, de muitas maneiras chega-se a Deus./ Cristãos e não cristãos, crentes e ateus; dentro de cada um vive o mesmo Deus./ Que é amor, solidariedade, compaixão. Escolher o bem é oração./ Rezar é olhar quem está ao lado: se necessitado estender-lhe a mão. / Que plantem filosofias adaptadas ao presente. Floração de Gandhis, Mandelas e Franciscos./ mesmo correndo riscos, vitória da bondade, do humanismo, da diversidade.”
Anos atrás, noutra celebração do “Dia Mundial do Serviço Leonístico”, foi apresentado, na Invocação, um texto com feitio de oração ecumênica. As pessoas de consciência aberta, infensas ao dogmatismo rançoso, tão ajustado ao paladar das correntes fundamentalistas, nele encontrarão referências enriquecedoras acerca do empenho da humanidade em se aproximar, pelo instrumento da prece, de suas origens e destino transcendentes. Vamos reproduzi-lo como uma contribuição a mais ao diálogo ecumênico.
“Oração é atitude essencial. Em todos os tempos, em todas as culturas, em todos os cantos do planeta, os seres humanos sempre se curvaram diante de algo maior que eles mesmos. É muito interessante e precioso ouvir a voz da humanidade, em todas as latitudes geográficas, dirigida a Deus. Como se faz aqui, agora, nesta oração ecumênica Ela enfeixa textos sagrados de diferentes épocas e formas de devoção humana, servindo de comprovação para o fato de ser o sentimento de religiosidade fenômeno sociológico planetário.
Comecemos pelo Bhagavad.Gita, da tradição sagrada hinduísta: “O que supera o fazer e o saber é o amor”. Ouçamos o que dizem os índios da tribo ienape, da América do Norte: “Deus é aquele que sentimos em nós quando praticamos uma boa ação”. Passemos à visão que tem de Deus o povo esquimó: “Ele é um espírito poderoso, que guarda o universo, regula as estações do ano e toda a vida do homem”. Manifestação inca: “Que esplendor! Eu me prostrarei diante de Ti. Olha-me, Senhor, presta atenção à minha voz”. Invocação a Deus dos tempos da Mesopotâmia: “Senhor - Tua divindade brilha com glória sublime. Sublime como o céu. Vasta como o mar”. Egito antigo: “A terra inteira, quando surges, cada dia, se prostra em oração, para Te adorar”. Judaísmo: “Iavé é meu pastor, nada me falta. Ele me conduz por campos verdejantes, leva-me a águas que refrescam, reconforta a minha alma”. Islamismo: “Deus é a luz dos céus e da terra. Sua luz é como um nicho onde se acha uma lâmpada”. Cristianismo, pela palavra de Paulo: “Temos agora a fé, a esperança, o amor. Mas, dos três, o mais excelente é o amor”. Martinho Lutero: “Para o meu próximo devo tornar-me um Cristo e agir como o Cristo fez por mim, sacrificando-se pela minha salvação”. E, por último, uma expressão carregada de lirismo de Antoine de Saint Exupéry: “Aparece-me, Senhor, porque é árido perder o gosto de Deus”.


Esses belos impulsos da alma humana foram extraídos em grande parte do livro “As mais belas orações de todos os tempos”, seleção e tradução de Rose Marie Muraro e Frei Raimundo Cintra. 


Paineis de estudos referentes ao diálogo ecumênico e interreligioso reuniram 
como expositores representantes de mais de uma dezena de instituições religiosas.


Diálogo, palavra-chave

Cesar Vanucci

“O sentido da vida e o seu arcano é a aspiração
de ser divino no prazer de ser humano.”
(Raul de Leoni)

A convicção que carregamos de que o diálogo ecumênico e interreligioso é uma forma magistral de tagarelar com Deus, contribuindo para que o mundo se conecte melhor em torno da verdadeira essência da aventura humana está traduzida nas palavras que dissemos na sessão festiva de encerramento da celebração da “Semana Mundial do Serviço Leonistico”, dia 19 de novembro último, no Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte.
Eis o que falamos: Antes de tudo mais, efusivos agradecimentos aos ilustres expositores dos painéis de estudos de ontem, anteontem e de hoje pela manhã. As informações passadas enriqueceram bastante o nosso cabedal de conhecimentos.
Representantes de variadas culturas religiosas, eles nos fizeram ver que suas convergências suplantam esmagadoramente suas diferenças no território livre das ideias.
Os valores humanísticos e espirituais exaltados em todas as falas ouvidas, sem exceção, foram rigorosamente os mesmos.
Nossos brilhantes convidados, contemporâneos do futuro, deixaram-nos, com toda certeza, melhor preparados para entender o mundo e entendermo-nos no mundo.
Nossos homenageados são igualmente merecedores de congratulações calorosas por personificarem admiravelmente o espírito desta celebração. Mesclam harmoniosamente pensamento, palavra e ação na busca do ideal da fraternidade.
Perdoem-nos a empolgação das palavras neste amorável encontro festivo de características tão singulares. A palavra é pura magia. Segundo Ronsard, é na verdade a única magia, já que a alma é conduzida e regida pela palavra e também porque a palavra é sempre dona do coração.
Para todos nós, que vivemos as reconfortantes emoções da celebração de mais esta Semana Mundial do Serviço Leonistico, o evento desta noitada de gala e os eventos que a antecederam têm, simbolicamente falando, dentro da voragem das rotinas mundanas, a aparência singela de uma ermida toscamente plantada num bucólico outeiro campestre.
Mas, caríssimos amigos, nas audazes propostas e reflexões de cunho espiritual e social suscitadas, na tomada de consciência gerada, nesse trabalho ecumenicamente compartilhado, tudo isso tem também, ainda simbolicamente falando, a imponência de uma catedral profusamente iluminada. Ou de uma sinagoga. Ou de uma mesquita. Ou de uma outra majestosa estrutura arquitetônica que consiga refletir adequadamente o supremo anseio humano de interpretar a mensagem de infinita beleza que, do fundo e do alto dos tempos, chega aos homens de boa vontade e aos corações fervorosos.
O diálogo é palavra-chave. Um “abre-te Sésamo” universal. Dir-se-á mesmo cósmico. Destranca ferrolhos. Destrava segredos eletrônicos das blindagens compactas, espessas, da intolerância, do preconceito, dos dogmas rançosos, das dificuldades que muitos encontram em participar com alegria e descontração da fascinante aventura humana, reconhecendo a exuberância das diversidades de comportamento e da pluralidade de ideias.
O diálogo desbrava caminhos para que outras palavras edificantes possam ser conjugadas com maior intensidade. Palavras como amor, desenvolvimento, comunhão, paz, solidariedade, justiça social, respeito, tolerância, concórdia, igualdade, liberdade, democracia. E por aí vai.
O diálogo é a fórmula eficaz de reduzir as tensões do mundo. De melhorar o nível do entendimento entre países. De enfrentar as guerras do terror e o terror das guerras. De se fortalecer o sentimento nacional e o sentimento do mundo. De se combater o racismo e outras formas de preconceito, sempre aviltantes. De se conter a desagregadora e inquisitorial torrente das ideologias fundamentalistas que a ele, diálogo, se contrapõem tão ruidosamente. De promover a ascensão social de multidões marginalizadas no acesso a padrões de conforto consentâneos com a dignidade humana. Diálogo é compartilhamento. Sinaliza rumos, suaviza caminhadas, desarma desconfianças e belicosidades. Enriquece a convivência. Tem validade permanente, no jogo mundano, para todos, em todas as horas e em todos os lugares.
O poder imensurável do diálogo é uma das lições que esta celebração deixará para sempre na mente e no coração de seus participantes.
Outras lições a serem extraídas desta promoção do Lions, que contou com a ajuda decisiva de valorosos parceiros, representantes de culturas religiosas empenhadas verdadeiramente na construção de um mundo melhor, podem ser definidas em mais alguns conceitos essenciais.
Vejamos quais:
O espírito humano é que nem o paraquedas, só funciona aberto. O homem é a medida correta das coisas. A economia, a tecnologia e outros instrumentos importantes nascidos do engenho humano são meios e não fins em si mesmos. O fim é sempre social. É sempre o ser humano. O sentido da vida e o seu arcano, como proposto poeticamente por Raul de Leoni, é a aspiração de ser divino no supremo prazer de ser humano.

E, por derradeiro, é certo, absolutamente certo, que a serenidade de Deus está sempre presente nas coisas que juntos empreendemos. Palavra de Leão!



Riquíssima experiência de aprendizado

O Governador do Distrito LC-4, José Monteiro da Silva, proferiu o seguinte discurso na solenidade realizada no Teatro Francisco Nunes:

"Boa noite!

O Distrito LC-4 vive nesta noite memorável um de seus maiores momentos.

A instituição do Dia Mundial do Serviço Leonístico reporta-nos ao dia 8 de outubro de 1917, data de abertura da primeira Convenção da Associação Internacional de Lions Clubes, feliz resultado da emanação solidária do notável visionário que foi Melvin Jones.
Em julho de 1917, apenas três meses antes, Melvin Jones conseguira reunir delegados de clubes independentes e associações dos Estados Unidos, procurando interessá-los na sua proposta de unificação, para formar uma associação de clubes de serviços que, em lugar de dedicarem-se exclusivamente a objetivos comerciais, dirigissem seus esforços para a melhoria da comunidade onde estão inseridos.
 Melvin Jones, percebe-se, tinha pressa.  Melhor dizendo, tinha determinação, liderança e força para, pela via exclusiva do diálogo, motivar pessoas. 
Isto, Senhores, se chama liderança!
Depois de quarenta e três anos dedicados ao Lions, Melvin Jones faleceu em 1961, aos 82 anos de idade, cercado de respeito e admiração.
E hoje, como em todos os anos, aqui estamos para celebrar esse grande feito, em uma comemoração de profundo e significativo brilho que traz em si a história de grandes leões que, através dos tempos, souberam também construir e enriquecer este grande legado. E pela beleza e pelo magnífico alcance desta festa em seu tema de uma nobreza ímpar, quero homenagear um grande companheiro Leão que tem firme condução em todas as bandeiras que empunha. Falo do CL Cesar Pereira Vanucci, Presidente da Academia Mineira de Leonismo, à frente de uma comissão radiosa, atuante e dedicada.

Ao CL Cesar Vanucci, um grande Leão pra Valer!, o agradecimento e o respeito de todos os Leões pra Valer do Distrito LC-4.
Acabamos de participar de uma riquíssima experiência de aprendizado, diálogo e reflexão em torno do tema
Em busca de um mundo melhor - Travessia Ecumênica e Diálogo Inter-religioso”.
Por três dias, em cinco mesas-redondas, ilustres representantes de diversas correntes de pensamento religioso nos informaram as bases e a estrutura de sua concepção doutrinária sobre Deus, sobre os homens e, principalmente, sobre a orientação que cada uma delas presta aos seus fiéis, na sua relação com a divindade e com a humanidade em geral.
Das exposições e debates feitos, restou-nos a instigante conclusão de que, para sermos respeitados em nossa crença, temos o dever de respeitar a do outro, em seu contrato particular com o Absoluto. A fé não é separada de nós.  Ela está em nós, porque Deus está em nós; quando respeitamos o outro, respeitamos a sua fé e a Deus, que nele habita.
 Nosso penhorado agradecimento a todos que abrilhantaram, com as suas lições, este portentoso exemplo.
Finalmente, nesta noite memorável, o Distrito LC-4 de Lions Clubes se engalana para homenagear personalidades cuja vida, convicções e atuação pessoal se exercem e se marcam por sua notável atuação em prol de um mundo melhor.
Impressiona sobremaneira a quantidade de saber coletivo, de conhecimento, de estudos, de dedicação, de espiritualidade, reunidos nos nossos homenageados.
Os senhores, e senhoras, constituem a mais legítima expressão da dignidade do ser humano, de quanto é possível crescer pessoalmente pela fé, pelos estudos, pelo aperfeiçoamento pessoal.
Esta cerimônia tem sua culminância na outorga, a Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, da medalha JK - Cultura, Desenvolvimento e Civismo, que ocorre na pessoa de seu representante, o dinâmico Professor da PUC-Minas e Diácono Sr. Paulo Franco Taitisom.
A quem solicitamos que leve a Vossa Excelência Reverendíssima, todo o nosso respeito e admiração, e pela contínua lição de seu exemplo pessoal, de suas atitudes e de seu magistério - de que somos beneficiários.
Ao homenageá-lo, crescem muito a Academia Mineira de Leonismo e o próprio Lions. E crescemos todos nós, como cidadãos de bem e como  LEÕES PRA VALER! Muito obrigado!"

    


 Linguagem ecumênica


Cesar Vanucci

“O que supera o fazer e o saber é o Amor.”
(Oração do Bhagavad-Gita)

Ainda envolto nos bons eflúvios dos diálogos ecumênicos produzidos durante a “Semana Mundial do Serviço Leonistico”, que tive o privilégio de coordenar, insisto nestas maldatilografadas de hoje em entregar à reflexão dos leitores conceitos que estão em rigorosa sintonia com as ideias propagadas naquele memorável evento.
As malquerenças de cunho religioso que, volta e meia, no curso da história, desembocam em inenarráveis tragédias, estão em gritante dissonância com os textos sagrados, de louvor à divindade, das diferentes culturas e tendências. É o que se deflui, de forma prazerosa, da releitura que acabamos de fazer de livro muito especial, elaborado por um frade dominicano que conhecemos nos anos 50, à época em que residíamos em Uberaba. Ele se chamava frei Raimundo Cintra. Faleceu no final da década de 60. Compunha o quadro sacerdotal responsável pelos bons trabalhos desenvolvidos na paróquia de São Domingos, onde se acham localizados a casa matriz da congregação dominicana no Brasil e um dos mais belos templos do acervo arquitetônico católico.
Ministrando curso de História das religiões, Raimundo Cintra produziu bela antologia, enfeixando orações que exprimem, de alguma maneira, a relevância do ecumenismo. Tal circunstância foi muito bem captada pela pensadora e empresária cultural Rose Marie Muraro. Assinalando que o livro constituiu “fenômeno único” em seu itinerário pessoal de vida, Rose registra que, por meio dele, “pude perceber como todas as religiões em seus cumes místicos falam a mesma linguagem em todos os espaços e todos os tempos: a linguagem da ligação com a totalidade.” Intitulada “As mais belas orações de todos os tempos”, envolvendo como co-autora, responsável pela seleção e tradução de textos, a já citada pensadora, e contando com prefácio de ninguém mais nem menos do que Tristão de Athayde, o inesquecível Alceu Amoroso Lima, a obra é um cântico universal por onde a voz da humanidade se eleva a Deus. O próprio frei Cintra fala, na introdução, dos caminhos que, desde sempre, conduzem o homem a Deus: a busca do amor, da verdade e da beleza. Mostra, também, que a oração é uma atitude vital. Uma forma de liberação dos mais nobres impulsos da alma em direção ao Absoluto, ao Inominado, a Deus.
Nas orações que compõem a primorosa coletânea, tanto nas dos chamados povos primitivos, dos povos da antiguidade, quanto nas dos povos da chamada era moderna da civilização, o que se percebe, com clareza, é uma identificação bastante forte em termos de emoções e de sentimentos. Algo que extrapola tempo, território, conceitos culturais, dogmas, regras, latitudes físicas e psicológicas e que torna a aventura humana uma procura amorável e fascinante de integração com o cosmos.
“Deus é aquele que sentimos em nós quando praticamos uma boa ação.” Haverá quem discorde, não importa a crença religiosa a que esteja vinculado, do teor da mensagem de singela beleza extraída dessa prece do povo iename, tribo que povoou, em tempos idos, as terras norte-americanas?
Em suas invocações ao Altíssimo, os gregos do século VIII a.C. chamavam Zeus de rei soberano, “pai dos deuses e dos homens”. E proclamavam, com fervor: “Um sinal apenas de sua fronte basta para sacudir o Universo! És justo e poderoso, punes implacavelmente os maus, fulminas os orgulhosos, recompensas os bons e os humildes. (...) Tu, que trovejas do alto dos céus, sentado no palácio das regiões superiores, inspira-me a justiça e a verdade.”
Neste “versículo da luz”, atribuído ao profeta Maomé, os muçulmanos expressam sua devoção a Alá: “Deus é a luz dos céus e da terra. Sua luz é como um nicho onde se acha uma lâmpada. E este é como um astro brilhante. Seu óleo provém de uma oliveira abençoada. Que não vem do Oriente, nem do Ocidente. (...) Deus guia quem ele quer para a Sua luz. Ele se exprime em símbolos para os homens. Ele mesmo é onisciente.”
Numa prece a Viracocha, das tradições religiosas incas, louva-se com estas palavras a divindade: “Senhor antigo, Senhor longínquo (...) que criou e estabeleceu todas as coisas, dizendo: que seja o homem, que exista a mulher, (...) permitirá que eu possa viver em bravura, em segurança (...) multiplica Seu povo sobre a terra, aumenta o número de Seus filhos.”
O “Hino a Horus”, entoado pelos egípcios na época dos faraós, invoca o “Pastor que apascenta o rebanho” e que “habita nas profundezas do céu”, pedindo-lhe assegure aos homens “vida e repouso”, lembrando que “a terra inteira, quando surges, se prosta em oração, para Te adorar.”

A substanciosa coletânea revela ser a linguagem dos corações fervorosos universal e permanente. Igual em todos os tempos e em todas as partes. É só comparar as ligeiras amostras reunidas com as preces feitas em nosso cotidiano. Textos como os enunciados ajudam a entender o sentido da vida. E a enaltecer o ideal ecumênico, alojado nas mentes mais espiritualizadas ao longo da extensa jornada humana pela pátria terrena.


Ecumenismo rima com humanismo

Cesar Vanucci

“A fé é um pássaro que pousa no alto da
folhagem e canta nas horas em que Deus escuta.”
(Joaquim Nabuco)

Insistimos na temática ecumênica. Faz todo sentido. Vivemos instante humano perturbador. Sedento de amor, de compreensão, de tolerância. Em momento assim posturas ecumênicas ganham especial significado, por remeterem a questões essenciais, a nobres aspirações humanas.
O ecumenismo tem tudo a ver com humanismo, que é a nossa própria razão de viver. Responde com vigor escorraçante às propostas radicais dos fundamentalismos de todos os matizes. Setores que se prevalecem de rançosos (pré) conceitos, com conotações invariavelmente racistas, para baixar regras de comportamento em estridente dissonância com a dignidade humana. O espírito ecumênico torna explícito que religião não pode significar obstáculo a liberdade. A fé há que ser encarada, dentro de perspectiva religiosa autêntica, como “um pássaro que pousa no alto da folhagem e canta nas horas em que Deus escuta”, conforme lírica observação de Joaquim Nabuco.
Do ponto de vista ecumênico, as religiões mostram pontos consideravelmente mais numerosos de convergência, do que de divergências. Equivalem-se em mérito na busca do diálogo sincero com Deus. Com doses mais maciças de boa vontade, desarmamento de ânimos, respeito, zelo pela primazia dos valores fundamentais das diferentes crenças, reconhecendo que no fundo todos são valores extremamente parecidos, as religiões estarão capacitadas a oferecer valiosíssima contribuição na construção de um mundo melhor. Na retomada, digamos assim, do mundo pela humanidade.

Empolga-me a fala ecumênica. Todas as vezes em que a percebo enunciada nalgum ambiente cercado ou não por ritualística religiosa imagino a presença ali de criaturas inspiradas, propensas a deixarem de lado as diferenças na forma, para se fixarem, em junção fraternal, no conteúdo do culto aos valores transcendentes da vida.
Nos pronunciamentos do admirável Papa Chico, o ecumenismo vem ganhando, pelo lado cristão, sonoridade e intensidade com certeza nunca dantes registradas. João XXIII e João Paulo II estimularam também  ações positivas no tocante à aproximação das religiões. Das outras grandes correntes religiosas pouco se sabe quanto à real disposição de suas lideranças qualificadas em se associarem às práticas ecumênicas. O Dalai Lama, dignitário de facção budista de forte expressão, parece ser delas todas, a liderança que melhor assume publicamente atitude propositiva com relação ao tema.
Entendo que os meios de comunicação social estão capacitados a contribuir de maneira efetiva para a propagação do ideal ecumênico, amortecendo tensões resultantes das dificuldades que se antepõem, em tantas partes, ao exercício da liberdade de expressão religiosa. É certo que a tevê e o rádio reservam espaço considerável para divulgação religiosa. Nos casos específicos das emissoras vinculadas a correntes ideológicas bem configuradas os temas focalizados atendem naturalmente às conveniências do proselitismo. Mas, de qualquer modo, as mensagens são irradiadas para plateias imensas. Pena que uma tribuna de tamanha magnitude não dedique também boa fatia de tempo para a fala ecumênica. Tenho para comigo, com razoável conhecimento de causa, que poderão se revelar altamente compensadores os índices de audiências para programas produzidos com talento, abarcando estudos e debates de questões momentosas que coloquem lado a lado especialistas do pensamento cristão, budista, maometano, judaico, assim por diante.
A propósito, participei, tempos atrás, de missa dominical natalina na Igreja do Carmo, em Belo Horizonte. Rendi-me incondicionalmente ao fascínio de uma celebração de ponta a ponta impregnada de genuíno ecumenismo. Toda a composição litúrgica denotava isso, a começar pelo presépio, de singelo simbolismo, que ornamentava a nave principal do templo, confeccionado por meninos assistidos socialmente pela paróquia. E a mensagem, então, do celebrante Frei Cláudio van Balen! Um senhor cântico de louvor à divindade e à humanidade. Sem chavões piegas, sem fórmulas estereotipadas que pudessem desfigurar o sentido da sabedoria evangélica. Fala harmonizada com os clamores sociais da hora. Com os anseios de paz que habitam a alma das ruas. Anseios esses que se contrapõem à belicosidade fundamentalista que tanta angústia traz aos corações e mentes dos homens e mulheres de boa vontade em todas as latitudes deste nosso mundo velho (e cansado) de guerra.



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