Eternamente
Zélia
Cesar Vanucci*
“Posso
afirmar que um dos seres humanos que mais me tocaram e me acresceram na vida,
ensinando-me a servir despretensiosamente foi ela, Zélia de todos nós”. (Antônio
Sores Dias, ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais).
O
escritor Vicente Muzinga Oliveira reuniu, com arte e engenho, mais de uma
centena de depoimentos sobre a vida e obra de Zélia Savala Rezende Brandão, enfeixando-os
num livro precioso, sugestivamente intitulado “Eternamente Zélia”. A bela
ilustração da capa ficou por conta da pintora Esthergilda Menicucci. As páginas
da publicação narram com fotos e abundantes informações a trajetória da mentora
do famoso Grupo Científico Ramatis. O lançamento do livro ocorreu numa concorrida
festa litero-musical na Assembleia Legislativa de Minas Gerais no último dia 20
de agosto.
Texto
de minha autoria – “Esta obreira de Deus de nome Zélia” – figura entre os
depoimentos. Eis o que registrei.
Inserido
sutilmente em nossa esfuziante aventura do cotidiano, existe um mundo
fascinante, povoado de percepções transcendentes. Deste mundo fazem parte seres
humanos muito especiais. Gente provida de dons singulares que atingiram patamar
superior na escala da evolução espiritual. Vejo-os, de mim para comigo, como
obreiros de Deus. Despertam onde atuam irradiante simpatia, sentimentos de
apreço bastante carinhosos, revestidos de certo toque reverencial. Enxergam as
pessoas e situações à sua volta com olhares de enternecido amor. Como são
relativamente poucos, não fica assim tão difícil distingui-los em meio às
multidões, por conta de suas ações criativas, suposições audaciosas e propostas
de transmutação humana.
Honrado
com o convite para juntar depoimento pessoal a um documentário sobre a doutora Zélia
Savala Rezende Brandão, elaborado por grupo de amigos e admiradores de sua
fecunda obra, não vacilo, um instante sequer, em reconhecer na história da
personagem mencionada os sinais indicativos de um desses obreiros de Deus.
Agindo
no território dos labores mágicos, deixando à mostra extraordinária sutileza de
espírito e infinita delicadeza, dona Zélia percorre os caminhos que conduzem
aos mistérios da mente, aos segredos das energias, na busca de sincronia entre
os planos humano e espiritual da existência. É mentora do Grupo Cientifico
Ramatis, organização espiritualista e assistencial que desenvolve programa de
enorme alcance humanitário nos setores da ciência e da sociologia. Os estudos
teóricos experimentais e práticos da parapsicologia ali realizados são voltados
para a expansão da solidariedade social e do amor universal. Sob a clarividente
liderança dessa médica e humanista, especialistas em medicinas alternativa e
tradicional, muitos deles “seus filhos” por adoção afetiva, todos voluntários, entregam-se
com dedicação a edificante trabalho coletivo em favor dos excluídos sociais.
Conservam-se fiéis à sábia lição popular de que a serenidade de Deus está
presente nas coisas que as pessoas realizam em conjunto. Asseguram suporte
técnico e administrativo nas clínicas alopáticas, homeopáticas, psicológicas e
de massoterapia; na farmácia bem sortida de recursos fitoterápicos, nas creches
em que centenas de garotos desfrutam de uma condição social saudável. As
massagens, aplicadas em volume considerável, proporcionam aos pacientes benéfica
terapia energética. Todo esse portentoso complexo de serviços, desdobrados em diligências
diuturnas, é complementado por ações permanentes de coleta e doações de bens de
utilidade para encaminhamento a pessoas carentes. Valendo-se de núcleos
operacionais externos, bastante ativos, o Grupo Ramatis estende ramificações a
outras paragens brasileiras e do exterior.
À
frente da grandiosa obra, no afã febricitante de semear benefícios à mancheia,
dra. Zélia projeta a nobreza espiritual do Ramal. A expressão de soberana
bondade e soberana sabedoria do Ramal, com sua concepção mágica da vida.
Possuidora
de dinamismo dir-se-á místico, dra. Zélia utiliza as vibrações positivas para
promover equilíbrio e harmonização na convivência comunitária.
Em
sua ilimitada capacidade de doação ao próximo, cumprindo vocação pode-se dizer messiânica,
abre portais que acessam conhecimentos transcendentes. Encoraja criaturas de
boa vontade, sequiosas de saberes essenciais, a aprenderem explorar os
territórios desconhecidos dentro e ao redor do homem, ajudando-as a desempenhar
seu papel no palco da vida num mundo em efervescente transformação.
São
copiosos os frutos colhidos ao longo de tão prodigiosa empreitada. Está lá no
Evangelho: frutos fadados a permanecer.
Eleição
e pesquisa
Cesar Vanucci*
“Uma
coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.
(Do fraseado das ruas).
Trato aqui de eleição e
de pesquisa eleitoral. Estou calvo de saber que, embora façam parte de um mesmo
contexto, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Pesquisa é prognóstico.
Aponta tendência de momento, sujeita a chuvas e trovoadas, algo que poderá vir
a acontecer. Eleição é ação consumada,
fava já contada, inhambu no embornal, temperatura já definida. Pode ser que os
números apurados numa e noutra situação sejam coincidentes. Mas também pode ser
que não seja. Registros históricos falam disso.
Dou exemplo. Quando o Célio
de Castro tornou-se Prefeito de Belo Horizonte, a discrepância entre as
previsões de votos e os votos efetivamente depositados nas urnas foi
atordoante. No dia da eleição, as manchetes trombeteavam que seu principal
contendor estava com a vitória assegurada. Não estava. Célio levou a melhor praticamente
em todas as urnas. Esse fato por si só, bem como episódios análogos
transcorridos noutras ocasiões, não são de molde a desqualificar, jeito
maneira, as pesquisas. Nem, tampouco, colocam sob suspeição o trabalho dos
institutos que as promovem. As coletas de dados, ao que atestam especialistas
da matéria, são concebidas com técnica profissional e cientifica consagrada. As
observações registradas por muitos a respeito da circunstância de nunca terem
sido consultados, nem de haverem conhecido alguém que tenha sido abordado para
opinar não se revestem de significado maior quando se conserva sob mira a
dimensão do universo potencialmente disponível para entrevistas.
As pesquisas integram,
visto está, o jogo eleitoral. Projetam periodicamente inclinações de voto que permitem
aos candidatos azeitarem as campanhas. Desempenham, por conseguinte, papel de razoável
significação na vida democrática. Nas ditaduras, elas não passam de estrondosos
blefes perpetrados pelos donos do poder. O Egito e a Síria, recém-saídos de
“eleições”, são amostras elucidativas de como se desenvolve nos regimes
despóticos o processo da consulta prévia aos eleitores. Na pátria dos “faraós fardados”,
a pesquisa de boca de urna apontou quase 100% de preferência para o general que
veio a ser “eleito”. O resultado não seria menos espantoso se o índice houvesse
alcançado extravagantemente outro patamar. Digamos, 125%. Nos domínios de
Bashar al Assad, em que
vimos o “candidato opositor” recomendar enfaticamente, numa proclamação aos
votantes na véspera do pleito, que apoiassem o tirano sírio, concorrente ao
cargo pela enésima vez, o “boca de urna” foi um tiquinho mais comedido. A
preferência pelo “eleito” roçou os 90%.
Retomando
as pesquisas dentro do figurino democrático. Há que se chamar atenção para a circunstancia
de que os institutos empregam metodologias diferenciadas nas apurações dos
dados, o que pode levar, algumas vezes, a índices desencontrados. Uma
demonstração de ocorrências desse gênero é extraída de recentes consultas
procedidas por três qualificados órgãos que atuam no ramo das pesquisas.
Concernentemente a um mesmo item proposto a eleitores que ainda não haviam definido
preferencia por candidatos, o Ibope, a Vox Populi, a Datafolha colheram,
respectivamente, as respostas na sequência reproduzidas: 1) “ninguém, branco e
nulo” – 17%, 7%, 4%; 2) “não sabe, não respondeu” – 39%, 67%, 46%. As
divergências, então apontadas, comprovam a diversificação de critério, ajudando-nos
a compreender porque pesquisa é pesquisa e eleição é eleição.
Ditos
ligeiros
Cesar Vanucci*
“Não troco meu “oxente” pelo “ok”
de ninguém”. (Ariano Suassuna)
· A
inteligência brasileira em pranto. “Partiram primeiro” (lembrando Camões)
Ariano Suassuna, João Ubaldo, Rubem Alves. Um trio de bambas no ofício de fazer
jorrar das palavras instantes de beleza e sabedoria. Na fecunda obra de cada
qual se revelam presentes vestígios de aprofundada conexão do artista com o
sentimento de mundo, além de transbordante e contaminante identificação com o
sentimento nacional mais entranhado.
· O
cinquentenário da morte Ary Barroso e o centenário de nascimento de Dorival
Caymmi estão sendo lembrados neste momento. Oportunidade esplêndida para que os
apreciadores da boa música, daqui e de qualquer lugar do mundo, possam
revisitar a fabulosa obra desses dois ícones da arte mais autentica e
representativa da cultura nacional. Bastaria a “Aquarela do Brasil”, nosso
segundo hino nacional, para garantir a Ary a condição de gênio. Mas o mineiro
de Ubá, com inconfundível talento, deixou centenas de outras preciosidades. O
baiano Dorival, que optou por morar em Minas alguns anos de sua criativa
existência, é também outro patrício com marca reluzente na historia artística.
“O que é que a baiana tem?” encabeça a lista interminável dos clássicos que
deixou. Tratemos de reverenciá-los com carinho.
· Sequestro
do jovem soldado israelense foi o pretexto encontrado recentemente para a interrupção
de uma das breves tréguas acertadas no conflito sem fim com o recomeço da
destruição, a tiros de canhão e bombas despejadas de aviões, de casas, escolas,
asilos, hospitais no gueto conhecido por Gaza. O governo estadunidense e a ONU,
repercutindo denuncia dos dirigentes de Telavive, acusaram então os autores da
alardeada abdução de crime hediondo, exigindo a libertação imediata da vítima.
Só que, de repente, não mais do que de repente, descobriu-se que o militar
desaparecido não havia sido sequestrado coisíssima nenhuma, em momento de
trégua negociada. Lamentavelmente, havia perdido a vida preciosa em combate. E agora
José? Como continuar dormindo com um bombardeio desses?
· Não
é necessário grande esforço para admitir que Dilma Rousseff tá com a razão. Diz
ela: - “Há hoje, de forma deliberada um processo de criação de expectativas
negativas, extremamente nocivas para o país, tal como aconteceu na Copa”. Falar
verdade, isso não é nada bom para o Brasil.
· Ouço
dizer que o Clube Atlético Mineiro prepara o lançamento de um projeto de
construção de um grande estádio em Belo Horizonte. Com o majestoso Mineirão e a imponente arena
do Horto será que faz algum sentido um empreendimento dessa envergadura? Na
hipótese de que os recursos existam ou possam vir a ser levantados para uma
empreitada dessas, por que não carreá-los para iniciativas que atendam melhor
as necessidades da gloriosa agremiação e sirvam melhor o interesse
futebolístico brasileiro?
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