sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Como prometido, inicio hoje uma série
de relatos sobre tema fascinante:
os OVNIS.
Serão, até o final, oito artigos com instigantes revelações.
Apreciaria muito conhecer a opinião dos leitores
que se derem ao trabalho de lê-los.



Cortina de silêncio


Cesar Vanucci *

“Uma descrição espetacular dos destroços do óvni:
 gravados na borda de um fragmento haviam sinais hieroglíficos.”
(Depoimento de Jesse Marcel, médico, filho do famoso
coronel Jesse Marcel, personagem central do “Incidente Roswell”)

Final dos anos 40, começo dos anos 50. Uma intensa onda de aparições ufológicas varre os céus do mundo. Os avistamentos de estranhas naves, com formatos e dimensões variados (embora predominando a configuração discoidal), traçando no azul do firmamento coreografias estonteantes, espantam e deslumbram milhares de testemunhas oculares, no ar e no chão. Entre esses, em número elevado, pilotos e controladores de vôos, personagens resistentes, por conta das vivências profissionais, a aceitarem sem questionamentos a explicação simplista de alguns de que as estranhas visões nada mais seriam do que mera “ilusão de ótica”.

Pegando o mundo inteiro de surpresa, as inusitadas e aparentemente inofensivas aparições – muitas delas detectadas, para pânico das autoridades, nas imediações de sedes de governo e instalações militares estratégicas das grandes potências – rendem manchetes à mancheia. Poderosas forças ocultas, em articulações sigilosas, ancoradas no consenso de que a movimentação dos misteriosos aparelhos não representaria ameaça iminente à segurança humana, resolvem, então, conforme eloqüentes indícios, estabelecer um controle na divulgação das enigmáticas ocorrências. O celebre “Incidente Roswell”, considerado o mais expressivo registro da vasta e intrigante casuística ufológica, data desse período. Vale como amostra do cenário. Oficiais graduados de importantíssima base aérea dos Estados Unidos, de onde decolaram os aviadores e bombardeiros que lançaram as bombas sobre Hiroshima e Nagazaki, surpreendem de repente o planeta com impactante comunicado. Grupo-tarefa da unidade havia se deparado, no deserto do Novo México, com os destroços de uma nave que não era, seguramente, deste nosso mundo. A imprensa internacional dá ao fato, como é óbvio, divulgação estrondosa. O que acontece depois não é menos impactante. A mesma Força Aérea resolve deixar o dito por não dito. Torna sem efeito o comunicado, alegando que tudo não passara de um inadmissível equívoco. Submete o major Jesse Marcel, responsável pelo grupo-tarefa, a vexatória situação. Ele carrega para o túmulo, com outros companheiros, a amargura de haver sido apontado, em nome de conveniências de Estado, como um leviano. Um interessante filme de Hollywood e centenas de documentários e publicações relatam em sugestivos pormenores a comovente história.

No “Realismo Fantástico”, programa que dirigia, produzia e apresentava, exibido no CBH, naquela época em que o então canal 30 oferecia alternativas inteligentes e criativas de programação e não havia se transformado ainda num insosso painel eletrônico de reclames, andei entrevistando, anos atrás, ninguém menos do que o filho do coronel Jesse Marcel. Um médico com o mesmo nome do pai famoso. Ele deu um depoimento impressionante a respeito do que presenciou, meninote ainda, por ocasião do incidente. Fixou-se em preciosos detalhes da chegada do pai em casa, alvoroçado, exibindo para familiares fragmentos da nave apresada.

Uma cortina de silêncio espessa caiu, a partir de Roswell, sobre o tema disco voador. A Força Aérea americana, dando o tom geral, colocou em movimento gigantesca operação de camuflagem das ocorrências, procurando desacreditar relatos e desqualificar investigadores conceituados engajados nas pesquisas. Montou um projeto denominado “Livro Azul” com o claro intuito de ridicularizar o fenômeno. Contrariando as expectativas dos mentores do projeto, um famoso astrofísico americano, J. Allen Hinek, de princípio crítico impiedoso das narrações sobre avistamentos singulares, acabou se opondo veementemente às conclusões encomendadas pelo “Livro Azul”. Com firmeza e convicção, atestou a seriedade do fenômeno. Garantiu, com muitos outros colegas cientistas, respaldo às investigações. Lançou livros excelentes com suas conclusivas observações.

Prometo, na sequência, o relato de sensacionais casos ufológicos do registro militar brasileiro.


* Jornalista (cantonius@click21.com.br)



O enigma dos óvnis


“Documentos da Aeronáutica revelam a
missão especial que filmou aparições de óvnis no País.”
(Rodrigo Cardoso, jornalista)

Rompendo a cortina do silêncio que a mídia convencionou, de há muito, estabelecer à volta da enigmática questão, abordando-a com desconfiança, quando não zombaria, registrando os aspectos desconcertantes de que ela sempre se reveste como frutos de excentricidades e alucinações, a revista Istoé dedicou, em recente edição (nº 2071), o tema de capa aos discos voadores. Em reportagem assinada por Rodrigo Cardoso, intitulada “A história oficial dos Óvnis no Brasil”, são reproduzidos documentos e fotos dos trabalhos de uma missão militar que filmou e fotografou aparições de estranhos objetos na Amazônia nos idos 70. A mesma revista, edições mais tarde, anotou outro registro oficial importante ligado ao tema. O “Diário Oficial da União”, 11 de agosto último, veiculou a informação de que a Aeronáutica regulamentou o acesso a informações sobre óvnis, reconhecendo, assim, publicamente, não faltarem relatos da ocorrência desse fenômeno nos céus.

Tão extraordinárias revelações impeliram-me a buscar no baú alguns comentários, entre muitos que escrevi há anos, sobre o assunto, inclusive focalizando com riqueza de detalhes a investigação da Força Aérea só agora oficialmente admitida. Entra pelos olhos a oportunidade de voltar a ocupar-me do tema.

Carrego comigo a impressão de que muitos, conquanto interessados no assunto, ainda não se deram conta do real significado da decisão tomada pela Aeronáutica em abrindo, já no ano de 2004, aos pesquisadores civis da ufologia, seus ultra-secretos arquivos sobre a aparição, nos céus brasileiros, dos chamados discos voadores. A anunciada aliança para troca de informações, devidamente formalizada, merece ser saudada como marco reluzente na história das investigações em torno do instigante fenômeno.

O acordo apresta-se a desfazer equívocos. Anos a fio, pesquisadores de elevado conceito foram alvo de impiedoso bombardeio. As críticas preconceituosas atingiram, também, cidadãos idôneos que cometeram a ousadia de testemunhar suas estranhas visões dos objetos, bem diferentes dos aviões de carreira, que com manobras desconcertantes, incompreensíveis ao atual estágio da tecnologia humana, percorriam o campo azul infinito do céu. Até bem pouco tempo atrás, não era raro ouvir-se dizer, a respeito de uns e outros, tratar-se de indivíduos ruins da cabeça.


Muitos fatores entrelaçados concorreram para essa avaliação incorreta. Um deles é o forte receio dominante nalgumas esferas da liderança responsável pela condução dos negócios humanos de que, talvez, não estejamos sós no universo. Se este nosso planeta azul, como assegura Aldous Huxley, é mesmo uma ilhota perdida num infindável oceano de inexplicabilidades, não fica difícil entregar-se à suposição de que outras inteligências, detentoras de tecnologias muito além de nossa capacidade técnica, ou de nossa compreensão, possam estar a nos rondar e observar. E isso pode ser de molde a produzir, num dado instante, um contato cheio de interrogações, do qual pudessem resultar – quem sabe lá! – mudanças radicais de comportamento na convivência social. Uma hipótese fantástica, geradora sem sombra de dúvida de temores avultados face ao desconhecido. Assim deve ter nascido, provavelmente, mesmo em contraposição às evidências testemunhais de renomados cientistas, astronautas e militares, atestando a legitimidade do intrigante fenômeno, a política de negação oficial sistemática, com acobertamento de provas, desfiguração de fatos, sigilo oficial absoluto nalguns lugares e momentos, colocada em prática pelas grandes potências militares e econômicas. Procedem daí também as tentativas de  desqualificação  dos  casos  narrados pelos pesquisadores e possíveis “contatados”. A incredulidade, originária de conceitos culturais estratificados, trouxe igualmente reações contrárias ao esforço empreendido por tantos no sentido de colocar os discos voadores no debate público. A descrença costuma desabrochar em ambientes onde as pessoas sentem dificuldades em quebrar paradigmas, em absorver revelações que destoem daquilo que está consolidado no conhecimento formal. Uma porção minoritária dos que admitem o fenômeno contribuiu, também, com suas destemperadas interpretações, com cultos míticos despropositados, deixando à mostra carência de equilíbrio psicológico, para que a ação de pesquisadores sérios fosse recebida em atmosfera de desconfiança.

Esta conjugação de esforços entre militares e civis abre perspectivas alentadoras para a conscientização do assunto e o aprofundamento dos estudos. Ajuda a eliminar malentendidos. Remove barreiras inspiradas em tolos preconceitos. Amplia as possibilidades na busca de respostas às intermináveis perguntas suscitadas por este extraordinário enigma de nossos tempos, ou de todos os tempos.

Sigo em frente.

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

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