sexta-feira, 8 de abril de 2011

Obra social estupenda

Cesar Vanucci *

“Este título é dele.”
(Presidente Lula, ao ser homenageado em Coimbra
com o título de “doutor honoris causa”,
 referindo-se ao seu leal companheiro de jornada, José Alencar)


A passagem de José Alencar pelo Sistema Fiemg fez história. Deixou marcas cintilantes. O traquejado dirigente soube dar prosseguimento, de forma magistral, ao excelente trabalho de seus ilustres antecessores, Fábio Motta e Nansen Araujo. Expandiu consideravelmente os limites de atuação da entidade patronal propriamente dita e de seus braços social e educacional, Sesi, Senai e IEL (Instituto Euvaldo Lodi), sem falar na Casfam (Caixa de Assistência e Previdência Fábio de Araújo Motta), fundo de pensão instituído com avançadas propostas de implantação de planos na esfera previdenciária.

Com o arrojo que constituia traço peculiar de sua personalidade e o talento nato que possuía e que soube aplicar nas mais variadas contingências do trepidante jogo da vida, Alencar fez parte de diferentes conselhos da Fiemg. Nesses órgãos eram debatidas momentosas questões empresariais, econômicas e sociais. Colocava ardor e convicção nas palavras e atitudes. Trabalhador infatigável, punha permanentemente à mostra os saberes acumulados nas experiências de uma vida pessoal que teve origem bastante humilde. As intervenções no plenário e os pareceres que levava à apreciação de seus pares eram acompanhados com muito interesse. A célebre luta, que tanto empenho se lhe exigiu, pela redução dos juros começou a ganhar visibilidade midiática lá na Casa da Indústria. Ao cobrar a queda das taxas, demonstrava com dados irrefutáveis os danos que a desastrosa política dos juros acarretava para as atividades produtivas do país.

Ele já exercia o cargo de vice-presidente quando Nansen Araújo, outro vice, assumiu o comando da entidade, completando o mandato do lendário Fábio Motta, que acabara de transpor “a curva da estrada” mencionada por Fernando Pessoa no poema “Cancioneiro”. Nansen outorgou-lhe, paulatinamente, numa prova de confiança, as prerrogativas que ele próprio, na vice-presidência de Fábio, desfrutara comportando-se como uma espécie de 1º vice-presidente, função não prevista no estatuto. Nos bastidores da organização patronal pipocavam articulações com vistas à futura sucessão. Vários próceres influentes no cenário empresarial, vinculados aos sindicatos filiados, propunham seus nomes ou tinham os nomes propostos para figurar em eventuais composições de chapa. A tendência amplamente majoritária do colégio de eleitores, a partir de determinada hora, foi a de (re)eleger Nansen como presidente, com o nome de Alencar em primeiro na lista dos vice. Pode-se afirmar, sem erro, que ele atuou praticamente como 1º vice, com participação realçante nas decisões importantes, por mais de 5 anos. Nos dois mandatos posteriores, somando seis anos, ele se tornou finalmente, por força de uma liderança insofismável, presidente efetivo. Anos depois, Senador da República, a Fiemg conferiu-lhe merecidamente o título de presidente de honra, primeiro e único de sua história.

O que Alencar aprontou à frente do Sistema Fiemg pode ser classificado, sem exagero, de estupendo. Tocou o mais prodigioso conjunto de empreitadas sociais, culturais, assistenciais, educacionais, recreativas voltadas para a classe operária - e, por acréscimo, a parcelas expressivas de excluídos sociais -, jamais registrado na esfera de atuação das entidades patronais da indústria em qualquer parte do território brasileiro. Espalhou canteiros de obras, em proporção chinesa, por todas as Minas Gerais. Plantou centros de atividades, clínicas odontológicas, praças de esporte, escolas profissionalizantes, teatros, cursos, bibliotecas e por aí vai. Foi o comandante-em-chefe, presente e participativo, no febricitante teatro das operações de um exército de colaboradores, entusiasmados com os seus exemplos diuturnos, estabelecendo com cada qual um liame vigoroso de cordialidade. Liderou programas que se tornaram antológicos como iniciativas consagradas ao bem estar coletivo. Caso sem tirar nem por da famosa “Ação Global”, bolada, batizada, implementada pelo Sesiminas e disseminada, com importantes parcerias, por todo o território nacional e que é reconhecida como modelo matricial de serviços sociais levados a comunidades carentes.

Continuarei a falar adiante da obra de JA.

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

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