sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Os compromissos da Presidente


Cesar Vanucci *


“E a palavra, uma vez lançada, voa irrevogável.”
(Horácio)

Um pronunciamento de peso e medida. Pela emoção da voz, a Presidente deixou que o coração fosse regido pela palavra. Passou a quem a ouviu uma sincera disposição de enfrentar “com coragem” os “desafios maiores” à espreita.

Dizendo-se, a partir da posse, “Presidenta” de todos os brasileiros, estendendo as mãos aos adversários para empreitadas conjuntas em favor do interesse coletivo, Dilma externou o propósito de dar continuação ao maior processo de afirmação humana que o país já viveu. A enaltecedora referência contempla a obra transformadora levada avante por Lula, num período de governo em que “o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da história”.

No discurso, reservou palavras de imenso carinho a “outro grande brasileiro, incansável lutador”: José Alencar; “Que exemplo de coragem e de amor à vida nos dá este homem!”, exclamou.

Nos compromissos assumidos, Dilma deu ênfase à reforma política. Revelou que a reforma compreenderá mudanças na legislação de modo a favorecer os avanços democráticos e a promover o fortalecimento programático dos partidos e aperfeiçoamento das instituições. A valorização do desenvolvimento foi apontada como outro imperativo nacional. Para Dilma, o Estado deve assumir seu tradicional papel regulador da atividade econômica, sem furtar-se ao dever de agir, também, quando necessário, como indutor do crescimento econômico, garantindo sempre serviços de qualidade à população. Louvando a expressiva mobilidade social registrada nos dois últimos quatriênios, a Presidente reconheceu que “ainda existe pobreza a envergonhar nosso país e a impedir nossa afirmação plena como povo desenvolvido.”

Manter a estabilidade econômica – explicou - é outra condição de governabilidade que se impõe. Lembrando que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do assalariado, afirmou peremptoriamente que não será permitido, “sob nenhuma hipótese, que esta praga volte a corroer nosso tecido econômico.”

A fala presidencial dirigida às “queridas brasileiras e queridos brasileiros” ressaltou ainda que ingentes esforços serão concentrados na luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança pública. “Vou usar a força do governo federal para acompanhar a qualidade do serviço prestado e o respeito ao usuário.”

A respeito do Pré-sal, disse que as descobertas das jazidas petrolíferas submarinas são nosso passaporte para o futuro, mas para que se possa desfrutar a contento das benesses almejadas faz-se imprescindível montar um esquema equilibrado de avanço tecnológico, avanço social e cuidados ambientais.

“Meu governo – garantiu noutro trecho da alocução – apoiará fortemente o desenvolvimento cientifico e tecnológico para o domínio do conhecimento e a inovação como instrumento da produtividade.” Expressou a certeza de ser possível imprimir-se acelerado ritmo de crescimento ao país sem que isso leve à destruição do meio-ambiente. “Somos e seremos – anotou – os campeões mundiais de energia limpa, um país que sempre saberá crescer de forma saudável e equilibrada.”

Reportando-se à tradição brasileira de defesa intransigente da paz e autodeterminação dos povos, asseverou sensatamente que esse posicionamento não nos permite “qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacional.”

Dilma dedicou também trechos do pronunciamento a uma profissão de fé em favor da garantia plena das liberdades individuais, da liberdade de culto e de religião, da liberdade de imprensa e de opinião. A respeito deste último item, reafirmou preferir “o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras.”

Comprometeu-se a atuar com absoluta rigidez na defesa do interesse público. Afiançou: “Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente.”

Confessou-se despojada de arrependimento, tampouco ressentimento e rancor, por haver entregado sua juventude “ao sonho de um país justo e democrático”, numa época em que suportou “as adversidades mais extremas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio.”

Os solenes compromissos firmados, dos quais acham-se aqui reunidos alguns tópicos significativos, deixam estampados os sinceros propósitos de um governante com real conhecimento de causa em relação às tarefas inseridas na importantíssima missão assumida em nome da nação. Uma nação que saberá atender, com entusiasmo, à convocação feita no sentido da decidida participação de todos no esforço continuo de transformação de nosso país. E que já deixou consignada nas primeiras pesquisas de opinião vindas a furo um sugestivo voto de confiança na atuação de nossa primeira Presidente mulher.

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

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