sexta-feira, 10 de junho de 2011

Cigarro e esporte

Cesar Vanucci*


“O compromisso do esporte é com a saúde.”
(Jacob Kligerman, do INCA)


A indústria tabagista emprega todos os artifícios imagináveis e inimagináveis na busca da expansão de seu rendoso negócio. Como acontece com outras estruturas oligopólicas, a bélica, por exemplo, não usa freios na disparada pela conquista dos alvos. Faz de um tudo, a goela profunda escancarada, para faturar sempre mais. É capaz de realizar até procedimentos, à primeira vista respeitáveis, para alcançar compreensão e aceitação.

Não sei se é de seu conhecimento, mas nos Estados Unidos, num lance que o “Guiness”, por certo, catalogou como o marco recorde da hipocrisia, grande corporação tabagista resolveu patrocinar, pelos meios de comunicação, uma campanha de alerta, manjem só, contra os perigos do fumo para adolescentes. Ao mesmo tempo, Deus louvado, instituiu fundos substanciais para centros de reabilitação de viciados. Madeira de dar em doido, hein? Alguém aí já pensou em casas de apoio para dependentes químicos, usuários de cocaína, mantidas com polpudas contribuições graças à “sensibilidade social” dos cartéis de Medelim e Cáli? É a mesma coisa. E dá até, num vôo de imaginação, pra bolar as cenas de inauguração de uma unidade assistencial do gênero. Vamos lá: banda de música, balões multicoloridos, fita simbólica; “benfeitores” e familiares, expressões compungidas, sobriamente trajados, como conveniente às circunstâncias; uma lagrimazinha furtiva deslizando no rosto do porta-voz dos “beneméritos”; o discurso emocionado, as palavras de eterna gratidão do representante dos abrigados.

Pena que o Felini não esteja vivo para se apropriar de história assim e nos presentear com obra-prima cinematográfica sobre mais essas facetas modernosas do eterno farisaísmo.

A indústria de cigarro aposta pesado em eventos culturais e esportivos. Invoca razões nobres. Mas o que quer realmente é estimular o consumo. É a iniciação dos jovens no vício. A mensagem subliminarmente transmitida por pilotos de corrida vestidos de maços de cigarro, mulheres sensuais envoltas em baforadas glamorosas, jovens saudáveis inebriados pelas emoções do “carro do momento”, é de que o cigarro é um cântico à vida, uma celebração permanente da vida, e não um agente tóxico letal.

Como disse, certa feita, um presidente do Instituto Nacional do Câncer, Jacob Kligerman, é preciso que a sociedade se proteja das manobras insidiosas da indústria do tabaco, quando esta intensifica o vínculo de suas marcas com as atividades esportivas. A resposta da comunidade deve ser a mesma que foi dada, anos atrás, na Copa Mundial de Futebol. Criar medidas restritivas a tais enganações, impedindo seja desvirtuado, aos olhos da população, o verdadeiro compromisso do esporte. Um compromisso com a saúde e o bem-estar.


O povo e os analistas


“Esses aí que, contemplando o mar,
só têm palavras para o enjôo!”
(Louis Pauwells)

Em comentário anterior, falamos da notória dicotomia existente entre o modo de pensar do cidadão comum e o de alguns analistas, comentaristas e cientistas políticos renomados que se valem de privilegiados espaços na grande mídia para sovadas observações derrotistas a respeito dos acontecimentos que rolam na cena brasileira. A esses últimos, pelas reações que comumente adotam, parece pouco importar se os episódios analisados se revestem, por inteiro, ou parcialmente, de algum mérito. Os registros dos episódios são quase sempre negativos. Escorados, ao que tudo indica, naquele manjado preconceito elitista de que o brasileiro passa por ser um povo menos aquinhoado de dons. Reflexo daquela historinha imbecil, de conotação colonialista, que fala da existência ao sul do Equador de um vastíssimo território, dadivosamente contemplado (como nenhum outro) no projeto da Criação, mas povoado por um tipo de gente desafeiçoada ao trabalho, irremediavelmente desligada das grandes empreitadas que conduzem ao progresso.

Não adianta nada, em seu invejável esforço no dia-a-dia, a sociedade brasileira documentar, altiva, ruidosa e festivamente, com espírito de independência e apego à liberdade, sensatez, inteligência e criatividade, sua capacidade de construção humana. Os plantonistas do desalento continuarão imperturbáveis, a trilhar caminhos suspeitosos, entoando seus cânticos pessimistas, contrariando o sentimento das ruas.

Não é difícil levantar amostras dessa discordância fundamental. Peguemos como exemplo, colocando-os sob o foco das atenções, acontecimentos recentes ligados à bem sucedida história da Petrobrás. Como é mesmo que costumam ser, de parte a parte, as reações suscitadas por tais acontecimentos? No que toca à opinião pública, ocorrerão compreensíveis celebrações ao redor das realizações vitoriosas da empresa. Haverão louvações ao célere avanço que vem efetuando com vistas a se tornar a maior de todas no setor energético. Aos feitos tecnológicos atingidos com a exploração das jazidas em águas profundas. Às fabulosas descobertas do pré-sal. Essa mesma opinião pública não vacilará, ainda, em manifestar seu desagrado com relação a coisas que carecem ser alteradas nas atividades da estatal. Por exemplo, o indigesto corporativismo burocrático, que implica custos exorbitantes. A política de preços dominante no abastecimento. No entendimento popular, essa política poderia ser perfeitamente alterada com o barateamento dos produtos em benefício dos consumidores. Bastaria que a Petrobrás resolvesse exercitar seu poder de regulação de mercado, reforçando os vínculos sociais que tem com a nação.

Com relação à Petrobrás, seguindo o raciocínio, o que se recolhe de boa parte da mídia, habitualmente, são opiniões radicalmente inversas. Além de carregarem pesado nos aspectos passíveis de críticas da estatal, tais comentaristas comportam-se como se não vissem significado algum nos feitos por ela acumulados. Quando o país, como resultado de um trabalho altamente elogiável de muitos anos chegou à almejada autossuficiência na produção de petróleo, as palavras dedicadas ao fato por parte dessa “turma do contra” não estiveram, definitivamente, à altura do marco histórico conquistado. A exploração das reservas do pré-sal sob a coordenação (óbvia) da Petrobrás é vista com severas restrições nesses setores. A impressão que deixam não poucos comentaristas é de que, em seu estrábico modo de enxergar o Brasil, o melhor seria traçar para a Petrobrás o mesmo destino dado à Vale do Rio Doce. Transferi-la, porteira fechada, para a iniciativa privada, “bem mais competente, com toda certeza”...

Nosso país viu o PIB crescer, ano passado, em 7.5%. O ritmo da expansão econômica nos últimos sete anos alcançou média de 5%. Vários setores produtivos, com destaque para o imobiliário, o agronegócio e o automotivo, crescem numa cadencia costuma-se dizer chinesa. As vendas de carros aumentaram, de 2003 pra cá, quase 150%, num índice médio de crescimento de quase 14%. A italiana FIAT tem hoje no Brasil seu melhor mercado. Isso está prestes a se repetir com outras montadoras, como a GM e a Volks. A explosão na área da construção civil talvez só encontre paralelo na China. E por ai vai...

Nada disso, nada das conquistas do passado, do presente e das já antevistas conseguem, no entanto, sensibilizar os céticos. Arrefecer a disposição autofágica dos profetas do derrotismo. Uma turma, pra fazer uso de expressão muito de seu próprio agrado pessoal, que vive perdendo o bonde da história. Enquanto o povo nas ruas acha que as coisas vão razoavelmente bem e poderiam ir, percalços à parte, um pouco melhor, eles consideram que tudo vai de mal a pior inexoravelmente. Raciocinam como aquele candidato a Presidente (felizmente derrotado) que, nos idos de 2006, não se enrubescia nem um tiquinho em comparar nossa economia com a do Haiti. Deus nos proteja desse tipo de gente, como lembra Louis Pauwells, que ao contemplar o mar só encontra palavras para o enjôo.


Assim falou Einstein


“A imaginação é mais importante que o conhecimento.”
(Albert Einstein)

Alguém pediu, certo dia, a Albert Einstein que explicasse, de forma didática, acessível à patuléia ignara, a famosa “Teoria da Relatividade”. O fabuloso cientista, como é sabido, foi autor de ditos e feitos salpicados de refinado humor. Seu estilo literário de dar voz às idéias, outra faceta cintilante de sua extraordinária e incomparável capacidade intelectual, situava-o no mesmo patamar de alguns mestres consagrados do ofício do humor, como Charles Chaplin, Woody Allen, Mark Twain, Bernard Shaw, Millor Fernandes. A definição achada para a Teoria da Relatividade, baseada numa metáfora saborosissima, é reveladora dessa faculdade assombrosa na lida da palavra: “Se você permanecer, por duas horas seguidas, ao lado de uma linda garota, parecerá que se passaram apenas dois minutos. Se você encostar o bumbum numa chaleira quente por dois minutos parecerá que se passaram duas horas. Isso é a Relatividade.”

E não é que me chega às mãos, neste justo momento, pela Internet, uma coletânea preciosa de frases, extraídas de livros, discursos, entrevistas, deste fascinante personagem da história! A leitura de cada uma dessas frases constitui lucro certo para o espírito. Donde a incontrolável tentação de aqui reproduzi-las.

Ÿ Sobre o fato de ser alemão e judeu: “Se minha teoria da relatividade resultar exitosa, a Alemanha me reclamará como alemão, e a França declarará que sou um cidadão do mundo. Se minha teoria resultar equivocada, a França dirá que sou alemão, e a Alemanha declarará que sou judeu.”

Ÿ Sobre os ensinamentos recebidos: “Quando recebemos um ensinamento devemos receber como um valioso presente e não como uma dura tarefa. Eis aqui a diferença que transcende.”
“A educação é aquilo que permanece quando alguém esquece tudo o que aprendeu no colégio.”

Ÿ Diante de Deus e do mistério da vida: “Ante Deus somos todos igualmente sábios, igualmente tontos.”
“A coisa mais perfeita que podemos experimentar é o misterioso. É a fonte de toda arte e de toda ciência verdadeira.”

Ÿ Sobre o valor da matemática: “Uma razão pela qual a matemática goza de especial estima sobre todas as demais ciências, é que suas leis são absolutamente certas e indiscutíveis, enquanto que as das outras são, até certo ponto, debativeis e com o perigo constante de ser derrotadas por fatos recém descobertos.”

Ÿ Sobre o sentido das coisas: “É possível que tudo possa ser descrito cientificamente, mas não teria sentido. É como se uma sinfonia de Beethoven fosse descrita como uma variação nas pressões de onda. Como seria descrita a sensação de um beijo ou o “te amo” de uma criança?”

Ÿ Sobre a força da imaginação: “A imaginação é mais importante que o conhecimento.”

Ÿ A respeito das coisas infinitas: “Só há duas coisas infinitas: o Universo e a Estupidez Humana, mas não estou muito seguro da primeira. Da segunda pode-se observar como nos destruímos só para demonstrar quem pode mais.”

Ÿ Sobre a estupidez das guerras: “Não sei com que armamento se combaterá a Terceira Guerra Mundial, mas a Quarta Guerra Mundial será combatida com paus e pedras.”

Ÿ Sobre o preconceito: “É mais fácil destruir um átomo do que um preconceito.”

Ÿ Sobre a conveniência de se manter a boca fechada: “Se A é igual ao êxito, então a fórmula é A=X+Y+Z, onde: X é trabalho, Y é julgar e Z é manter a boca fechada.”

Ÿ A respeito dos sonhos: “O segredo da criatividade está em dormir bem e abrir a mente às possibilidades infinitas. O que é um homem sem sonhos?”

Ÿ A respeito da inteligência e da mediocridade: “Os grandes espíritos sempre encontrarão violenta oposição por parte dos medíocres. Estes últimos não podem entender quando um homem não sucumbe impensadamente a prejuízos hereditários senão quando, honestamente e com coragem, usa sua inteligência.”

Ÿ Descrição da verdade: “Se vais sair à frente para descrever a verdade, deixa a elegância para o alfaiate.”

Ÿ A respeito dos segredos da Terra: “Cada um de nós visita a Terra involuntariamente sem ser convidado. Para mim é suficiente perguntar-me por seus segredos.”

Ÿ Ciência e religião: “A ciência sem religião, é aleijada: a religião sem ciência é cega.”


* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

Nenhum comentário:

A SAGA LANDELL MOURA

O instinto belicoso do bicho-homem

                                                                                                     *Cesar Vanucci Faço um premente a...