sábado, 18 de julho de 2020


Eles partiram primeiro
Cesar Vanucci *

“A morte é a curva da estrada. Morrer é só não ser visto”. (Fernando Pessoa)

· A palestra na AMULMIG (Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais), com foco na lendária história de Sobral Pinto, comemorativa dos 300 anos de Minas, estava marcada para meados de abril. Teve que ser adiada por conta do flagelo da Covid. Agora, por dolorido motivo, acabou tendo que ser mesmo cancelada. Quem havia se comprometido a proferi-la – e o faria, com toda certeza, de modo empolgante – era o magnífico ser humano, profissional do Direito de conceito ímpar, Aristóteles Atheniense. Com sua súbita partida, o destino cruel privou-nos, certo é, de momentos de fruição intelectual de rara beleza, mas muito mais do que isso, numa extensão e intensidade difíceis de serem medidas, do convívio ameno e cordial com personalidade exponencial da inteligência e do saber. Aristóteles, com sua proficiência profissional, liderança inconteste, expressa em inúmeros cargos exercidos na OAB e em outros redutos expressivos na vida comunitária, aos quais emprestou fecundo labor, fez-se reconhecido publicamente, entre os pares e junto a diferentes setores, como um “advogado símbolo”. Ele se confessou sumamente desvanecido com o convite que lhe fiz para contar coisas a respeito de Sobral Pinto, símbolo perfeito do advogado brasileiro. É certo que, à hora de sua subida à tribuna da AMULMIG para o pronunciamento, o mestre de cerimônia da assembleia iria, naturalmente, apresenta-lo à plateia, sublinhando sua invejável condição de cidadão identificado com as causas nobres e os edificantes valores enfeixados na reluzente trajetória de Sobral. Aristóteles foi alguém que soube cumprir exemplarmente a missão que lhe tocou executar em sua passagem pela pátria dos homens. Deixou enorme saudade.

· Alberto Oswaldo Continentino Araújo, outro amigo dileto que acaba de “partir primeiro”. Passou a não mais ser visto na curva da estrada da vida, conforme a lírica imagem de Fernando Pessoa. Mantive convivência extensa e frutuosa com esse cidadão de bem. Homem culto e diligente, sintonizado com as coisas positivas da aventura cotidiana. Trabalhamos juntos num sem número de empreitadas, na gloriosa Minas-Brasil Seguradora e no operoso Sindicato das Empresas de Seguros Privados de Minas Gerais. Ele presidiu, por vários mandatos, com competência, o órgão representativo dos empresários do setor de seguros e ofereceu-me a presidência da Comissão de Recursos Humanos. Em sua gestão administrativa foi desencadeada vasta programação de cursos de especialização profissional nas diferentes regiões do Estado. Esta ação educativa foi complementada, por bom espaço de tempo, com orientação técnica oferecida numa página semanal de seguros, divulgada no jornal “Estado de Minas”.

Alberto era filho de José Oswaldo Araújo, ex-prefeito de Belo Horizonte, fundador da Minas-Brasil, poeta consagrado. Ocupou também funções de realce na Federação dos Seguradores e na Associação Comercial de Minas. Fez parte, demonstrando disposição infatigável para o trabalho, de um grupo de líderes classistas firmemente engajados em campanhas voltadas para o engrandecimento econômico do Estado.  Graças ao estilo de governança que adotou com seus companheiros executivos, ajudou a estruturar na Minas-Brasil, na época, uma das mais importantes organizações do país do ramo de seguros, um elo de integração humana poderoso com a comunidade de trabalho. Ainda hoje, muito tempo depois da transferência do acervo da empresa para outra companhia, os antigos colaboradores da Minas-Brasil se reúnem periodicamente em festivos e concorridos encontros de congraçamento. Alberto Oswaldo não estará presente no próximo, para tristeza geral.

· Ivermectina: este o nome do remédio. Antiviral de custo até dia desses acessível, utilizado com êxito, segundo depoimentos colhidos em fontes acreditadas, para tratamento de determinados surtos epidêmicos, vem sendo apontado nas redes sociais, com insistência, como terapia preventiva dotada de certo efeito positivo no caso da Covid. Como simples repórter, que das coisas cientificas, bem como de tantas outras coisas relevantes, nada sabe, confesso com sinceridade haver ficado impressionado com as revelações, acerca das propriedades do aludido medicamento, que ouvi, indoutrodia, da infectologista Lucy Kerr. Trata-se de médica e pesquisadora de Ribeirão Preto, pertencente aos quadros da USP. Aconselho o reduzido, posto que leal e assíduo, contingente de leitores deste desajeitado escriba a se inteirar do que a especialista vem dizendo, baseada – conforme   acentua – em pesquisas promovidas por um punhado de profissionais médicos.


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