sexta-feira, 19 de outubro de 2018


Apurações acima de 
quaisquer suspeitas


Cesar Vanucci

Tudo não passa de notícia falsa.”
(Comunicado do TSE)

Parar com esse descabido papo. Conversa mais sem pé nem cabeça, como era de costume dizer-se, face a revelações despropositadas, em tempos de antigamente. Apelando para o bom-senso, tratemos de repelir essas insinuações maliciosas, atulhadas de segundas intenções. Elas vicejam soltas por aí que nem fiapo de tiririca escondido no torrão, conforme o linguajar roceiro.

Essa história de fraude nas urnas eletrônicas é rigorosamente falsa. Tanto quanto uma nota de três reais. Não passa de desculpa de maus perdedores. Melhor dizendo, a se levar em conta a origem da suspeição levantada, desculpa de maus ganhadores. Perpetrada sabe-se lá com quais enigmáticos desígnios.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) constituiu uma missão para acompanhar o processo eleitoral brasileiro. Seus integrantes, sem vozes discrepantes, emitiram parecer consistente, irretorquível, acerca da lisura do processo de coleta de votos instituído pelo TSE. Auditagens independentes, a cargo de organizações conceituadas, foram de outra parte contratadas com o fito de rastrear eventuais fissuras no sistema de votação que pudessem vir a afetar a fidedignidade dos resultados. Não deu outra. O certificado por elas divulgado comprovou, sem a mais tênue ressalva, a eficácia plena dos procedimentos. Seja juntada a tudo isso o notório reconhecimento na esfera internacional de que o esquema eleitoral vigente no Brasil é modelar, a ponto de vir sendo copiado noutros países. A conclusão inapelável a que se chega, no frigir dos ovos, é única. O Tribunal Superior Eleitoral está coberto de razão, detentor de autoridade moral mais do que suficiente, quando rebate de pronto quaisquer dúvidas, acusações e denúncias ardilosas, diretas e indiretas, que busquem, ao fragor das paixões políticas, desfazer a legitimidade dos métodos empregados na apuração de votos.


Faz-se oportuno também, seguindo esta mesma linha de considerações, chamar atenção para o falso teor de uma mensagem vastamente propagada nas redes sociais alusiva a interferências indevidas do TSE nos números do primeiro turno. Segundo texto veiculado, o órgão teria anulado pelo menos 7.2 milhões de votos, com isso alterando significativamente os resultados. A publicação feita reclama do TSE um esclarecimento cabal a respeito da suposta anulação dos votos. Conclama os usuários das redes para que compartilhem a denúncia, de maneira a que “os incautos não sejam ludibriados, antes que seja tarde demais.” Manifestando-se sobre a questão, o TSE deixa esclarecido que “o dado não é verdadeiro”. Explica em comunicado que “os 7.2 milhões de votos nulos foram dados pelos próprios eleitores”. De acordo com o Tribunal, o voto nulo ocorre quando o eleitor digita o número de um candidato inexistente na disputa do cargo.

Na votação para a Presidência da República, o quantitativo acima mencionado de votos nulos correspondeu a 6,14 por cento dos sufrágios depositados nas urnas. Desde 1998 esse índice tem variado de 5 a 10 por cento. “No caso da Presidência, se o eleitor, por exemplo, votasse 99 estaria anulando o voto. Isso pode acontecer por erro do eleitor na hora da votação, ou de forma intencional”, pontua ainda o TSE.

Encurtando razões: tudo quanto venha a ser alardeado de teor inverso à constatação da lisura nas apurações há que ser interpretado, pela opinião pública, como desserviço à causa democrática.

Um comentário:

Guilherme Roscoe disse...

Caro Vanucci, boa tarde!

Oportuno este seu artigo sobre o sistema eletrônico brasileiro e a miríade de falsos alarmes a respeito de suposta e nunca comprovada vulnerabilidade à fraude. É preciso interromper essa obsessão coletiva perniciosa. Acho que é a única "jabuticaba" madura e saudável.
Merece ser amplamente divulgado!

Parabéns!
Abraços,

A SAGA LANDELL MOURA

Pacto sinistro

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