sexta-feira, 26 de outubro de 2018


CONVITE AOS AMIGOS PARA A HOMENAGEM 
QUE RECEBEREI NO DIA 19 DE NOVEMBRO





Despotismo gera chocantes incidentes mundiais

Cesar Vanucci

O “sumiço” do jornalista, o “suicídio” do vereador, a “renúncia” do chefe da Interpol documentam, mais uma vez, o que os regimes ditatoriais são capazes.”
(Antônio Luiz da Costa, Professor)

Governos de características despóticas, contumazes na violação dos direitos fundamentais, acabam de protagonizar novas censuráveis ações de repercussão mundial.

Um dos incidentes impactantes ocorridos implica o reino saudita. Escorada numa estrutura de poder medieval, que comporta até mesmo tolerância em relação à escravatura, a monarquia árabe mantem-se totalmente fechada às conquistas civilizatórias. A Arábia abriga em seu território o local considerado mais sagrado da fé islâmica. Isso lhe confere influência considerável no jogo político regional. Detentor de enormes reservas petrolíferas, exploradas em consórcio com as maiores empresas americanas e europeias do ramo, o país desfruta de prestígio injustificável por parte dos mandatários das potências mundiais, por conta de espúrias conveniências geopolíticas. Seus parceiros empenham-se em ocultar os delitos frequentes perpetrados pelo regime contra os direitos humanos.

Maquinações cavilosas apontam a realeza saudita como reformista, modernizadora, modelar na defesa dos postulados democráticos. Mas não são suficientes para impedir que muitos analistas de política internacional tragam ao conhecimento público a asfixiante situação em termos de respeito à dignidade humana vigente nos domínios árabes. O escritor e jornalista Michael Moore sustenta que, naquele pedaço do mundo, fica localizada a fonte matricial do fundamentalismo muçulmano. Fundamentalismo esse responsável pela existência do ISIS, Al-Qaeda e outras sinistras organizações. Embora os dirigentes saudistas aleguem combater as falanges extremistas, nos bastidores, atuam em sentido totalmente inverso, afirma Moore.

O que ocorreu no dia 2 de outubro passado, na Turquia, é uma amostra tétrica do sufocante clima de repressão praticado pelos sauditas. O jornalista Jamal Khashoggi, colunista do Washington Post, crítico do governo e da aliança dos monarcas com Donald Trump, compareceu ao consulado saudita em Istambul para regularizar papéis referentes a seu enlace matrimonial. Sua noiva ficou a aguardá-lo do lado de fora. O jornalista nunca mais foi visto. De acordo com a segurança turca, foi sequestrado, torturado, morto e esquartejado. Estranhas movimentações na sede do consulado, rastreadas pela polícia turca, informaram o mundo do “desaparecimento”. Pressionados a se explicarem, ameaçados com sanções, os dirigentes sauditas limitam-se a dizer que promoverão retaliações contra os que os censuram.

Afogada em caos político e econômico, devido a desatinos sem conta cometidos por governantes despreparados, desafeiçoados ao diálogo democrático, nossa vizinha Venezuela assume, outra vez mais, notoriedade negativa no palco dos acontecimentos mundiais. Às voltas com o dilacerante drama dos refugiados, criticada acerbamente pela repressão à liberdade de expressão, pelas violências contra os que discordam da orientação caudilesca dominante, o governo Maduro é acusado agora da eliminação, em circunstâncias cruéis, de um adversário político. A vítima, um vereador, foi conduzida à sede da temida polícia política. De acordo com a versão oficial, pôs termo à vida, esmagado diante das provas acumuladas de sua participação em delito contra o Estado, atirando-se de uma das janelas do edifício em que se achava detido. Os indícios, entretanto, são de que ele não se jogou, foi jogado depois de “severo interrogatório”...

A China também ganhou evidência por ato chocante, revelador da falta de transparência e desdém com que trata, no seu estilo autocrático de conduzir as coisas, a comunidade das nações e a opinião pública. O presidente da Interpol, chinês Meng Hongwei, que acumula o posto de Secretário de Segurança em seu país, deixou a sede da organização, em Lion, França, para uma viagem de curta duração a Pequim. Como não mais desse qualquer notícia, por bom pedaço de tempo, para familiares e subordinados, depois de pisar no solo chinês, a Interpol resolveu acionar o Governo com pedido de esclarecimento. A resposta demorou a ser dada: Meng estava detido por acusações não devidamente especificadas.  Por tal razão “resolveu renunciar” ao comando da Interpol. O embaraçoso episódio consignou a impressão de que o cidadão citado foi alvo de um dos tradicionais “expurgos” que pontuam o jogo pelo poder político no sistema comunista. Na comunidade internacional afloraram questionamentos a respeito da forma desrespeitosa com que a China lida com organizações, à feição da respeitável Interpol, que mantêm atividades conectadas com os países em função de tratados por eles referendados.



Fatos reais,
mas parecem nventados

Cesar Vanucci
                                                         
“Símbolo budista significando amor, paz e harmonia.”
(Delegado de polícia gaúcho explicando a suástica gravada a canivete na barriga da jovem)

Nestes tempos amalucados, de informações falsas apelidadas de “fake news” pelo modismo babaca solto na praça, andam pintando também no pedaço, exageradamente, sabe-se lá porque cargas d’água, situações de características bastante singulares e bizarras. Tão singulares e bizarras que chegam a confundir a mufa de muito vivente. Num primeiro instante, parecem até essas mentiras encomendadas distribuídas por “criativos técnicos” na propaganda política. “Especialistas” em “estratégias” de persuasão do povão. Um tipo de gente que dita, impavidamente, as regras das campanhas eleitorais modernosas. Campanhas desfalcadas, como sabido, de ideias e de projetos. Campanhas de conteúdo panfletário, conduzidas mais na linha do “contra alguém”, do que “a favor de alguém”. Abaixo, sugestivas amostras, recolhidas em datas recentes, de fatos reais que, à primeira vista, soam como histórias inventadas.

Comecemos com uma ida ao Rio de Janeiro, pedaço de chão de lindeza especial deste conturbadíssimo planeta azul. Nessa cidade e adjacências sempre pontilhadas de lances desnorteantes gerados pelo desatino político, o candidato a governador vitorioso no primeiro turno fez uma declaração que vem dando o que falar. O ilustre cidadão, até indoutrodia desconhecido da imensa maioria das pessoas, magistrado conceituado, conseguiu contrariar todas as projeções das polêmicas pesquisas pré-eleitorais com bom trabalho de proselitismo. Assumiu com folgada vantagem a liderança na disputa, sobrepujando um ex-prefeito carioca, apontado o tempo todo na dianteira das tais pesquisas. Alijou praticamente do poder todos os grupos hegemônicos da política guanabarina. A declaração surpreendente que emitiu pode ser assim sintetizada: se seu adversário, num debate televisivo, se atrever a alvejá-lo injuriosamente, não vacilará em dar-lhe, ali mesmo, voz de prisão. Vasculhando a memória, constato que em campanha eleitoral alguma ouvi nada ligeiramente parecido com tão insólita e original manifestação.

Seguindo em frente. Detenho-me, por ligeiros instantes em um programa de auditório na televisão intitulado “Amor e Sexo”. A simpática apresentadora concita o entrevistado, ator de renome, em meio a frenéticas manifestações da indefectível bancada de juradas e da plateia, composta predominantemente de mulheres, a compor com bonecos de pano uma simulação de relação sexual ardente. Ele ajeita os bonecos diante das câmeras, de modo a oferecer uma representação da tarefa que lhe está sendo proposto. Embalde. Não consegue, na abalizada opinião da apresentadora e juradas, deixar “bem explicitada” a cena. Na sequência, na tela de fundo do cenário, bastante nítida, em movimentos de bonecos eletrônicos, é projetada a “imagem adequada” da tal “relação sexual ardente”. Aplausos ensurdecedores antes de deslizarem os letreiros do fecho do programa.

Em Porto Alegre, descendo de um ônibus, uma jovem de 19 anos, envergando camiseta com o slogan “Elenão”, é agredida e imobilizada por desconhecidos. Os agressores fazem-lhe talhos na barriga configurando a sinistra suástica. O delegado encarregado da investigação larga uma declaração insólita sobre o atentado. Possuído “da mais absoluta convicção”, diz que a marca a canivete, face ao detalhe de a perna do “S” estar invertida, não representa, ao contrário do que se supõe, o símbolo hitlerista. Mas, sim, um símbolo budista milenar com o significado de “amor, paz e harmonia”. Quis referir-se, talvez, ao fato histórico de que, no Tibete budista do Dalai Lama, o sinal da cruz gamada invertida é propagado com sentido positivo, desde tempos imemoriais. Os nazistas dele se apoderaram, adulterando-lhe o conceito. Passaram a apontá-lo como representação da “pureza racial ariana”. É obvio que a manifestação da autoridade gaúcha impacta as pessoas de bom-senso. Fica evidente também que os autores da agressão não estavam imbuídos, coisíssima alguma, do “edificante propósito” de espalhar, com seu gesto, mensagem de amor, paz e harmonia...

Rio de Janeiro, outra vez. Os encarregados das investigações não sabem, jeito maneira, como “descascar o abacaxi” da cobrança sistemática, por parte de uma opinião pública vigilante, a respeito da elucidação da tramoia criminosa que vitimou a vereadora Marielle Franco e seu assessor. Continuam, à vista disso, a se valer de trapaças para justificar a ausência de revelações. Dão força aos indícios de que conveniências poderosas se opõem ao esclarecimento de tudo, conforme denúncia recente de um delegado que abandonou o trabalho de apuração. A última informação estapafúrdia liberada pelas autoridades competentes é esta aqui: os peritos já teriam conseguido compor o biotipo físico do atirador. Já quanto aos nomes do atirador e prováveis mandantes, neca de pitibiriba.

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