sábado, 20 de janeiro de 2018

O nazismo e a 

“supressão da história”


Cesar Vanucci

“A nossa revolução é uma nova etapa, ou antes, 
a etapa definitiva da evolução que conduz à supressão da história.”
(Adolf Hitler)

Tanto quanto está dando para perceber, levando-se em conta registros dos órgãos de comunicação social, internet obviamente incluída, muitas das manifestações extremadas, de bolorento teor ultraconservador, que volta e meia irrompem na cena pública em diferentes partes – o Brasil não fica fora -, são de inocultável inspiração nazista.

Nalgumas situações já não há nem mesmo preocupação com disfarces ideológicos. A terceira força política mais poderosa da Alemanha nos dias de hoje é declaradamente hitlerista.  Os “supremacistas brancos” dos Estados Unidos não fazem por menos. O desconhecimento de causa pode arrastar muita gente, sobretudo em camadas mais jovens, como aconteceu com a grande maioria da população alemã nos anos 30, a se deixar seduzir pela cantilena perversa dos cultores da sinistra suástica. Ou seja, tomar-se de insano entusiasmo por uma pregação ancorada em falsos conceitos nacionalistas, falso humanismo, falso moralismo. Ver a bandeira nazista desfraldada, como se viu agora na campanha eleitoral alemã e em manifestações dos tais “supremacistas  brancos” nos Estados Unidos, provoca – como não? - calafrios na espinha. Adolf Hitler e sua horda de fanáticos desencadearam a maior tragédia da história humana. Conhecer, com o salutar fito de abominá-las, as ideias do tenebroso personagem é algo muito importante nestes instantes confusos atravessados pela civilização. Aqui dentro e lá fora.

O pintor frustrado que se tornou dirigente político poderosíssimo, a ponto de poder influenciar os rumos da história, foi responsável pelos mais hediondos crimes de lesa humanidade jamais praticados, desde que o mundo se reconhece mundo. Uma faceta menos explorada da personalidade de Adolf Hitler revela-nos, instigantemente, o comprometimento visceral do líder nazista, desde os começos de sua trajetória política, com tresloucados conceitos e ações de cunho místico. É dali que emerge sua convicção pessoal insana, compartilhada com devoção por alucinados seguidores, do papel messiânico que o destino lhe estaria reservando O “Fuhrer” se apresenta e é aceito pela sociedade alemã como o homem capaz de redimir a sua gente. Nas furibundas manifestações em que deixa entrevista sua paranoica exaltação mística, ele se coloca na condução de um movimento diferente, sem similar em época alguma, para que possa executar “missão redentora”...

Num estudo em que assestam a claridade dos holofotes sobre as raízes da “filosofia hitleriana”, apropriadamente classificada de luciferina, os pensadores Jacques Bergier e Louis Pauwells mostram que a ambição e a “sagrada missão” de que o mesmo se acreditava investido ultrapassaram infinitamente os domínios da política e do patriotismo. Dão a palavra a Hitler para uma melhor explicação dessa assertiva: “A ideia de nação – diz lá o “Fuhrer” – tive de me servir dela por razões de oportunidade, mas já sabia que ela não podia ter mais do que um valor provisório. Dia virá em que pouca coisa restará, mesmo aqui na Alemanha, daquilo que chamamos o nacionalismo. O que haverá no mundo será uma confraria universal dos mestres e dos senhores.”
  

Ainda o fundamentalismo nazista


Cesar Vanucci

“A propaganda não pode servir à verdade, especialmente
 quando possa salientar algo favorável ao oponente.”
(Adolf Hitler)


Uma frase: “Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada.” Outra frase: “A propaganda não pode servir à verdade, especialmente quando possa salientar algo favorável ao oponente.”

Ambas as frases são de Adolf Hitler. Foram extraídas do “Mein Kampf” (“Minha Luta”), a “bíblia” nazista escrita por um cidadão que se acreditava provido de poderes “messiânicos” em sua tresloucada aventura de contaminar a história com hediondas teses racistas, xenófobas e radicais.

A retórica desse famigerado dirigente político que conseguiu, num dado instante da trajetória humana, eletrizar vários milhões de fanáticos adeptos com alucinatória pregação voltada para a “supressão da história”, não consistia em mero jogo de palavras. Representava convocação pronta para atos belicosos, posturas virulentas, gestos hostis, sem tréguas, na base da doutrina do “crê ou morre”. Em suas delirantes elucubrações, ele imaginava uma confraria universal conduzida por “mestres” e “senhores”. A esse poder imperial absoluto seria submetida, em condições de vassalagem, toda a sociedade humana. O processo previa a eliminação das “reconhecidas raças inferiores”. Auschwitz e outros centros de extermínio confirmaram tenebrosamente essa conceituação luciferina do nazismo.

Hitler deixou evidenciado que a política convencional significou apenas, em sua “missão redentora”, uma mera manifestação externa. Reduziu-se a instrumento de aplicação prática e momentânea de uma cartilha de conceitos deformados, de tétrica inspiração esotérica, concernentes às leis da vida. A humanidade seria “aquinhoada”, dentro desse alinhamento de emoções mórbidas, com um destino que os homens comuns não seriam nem de leve capazes de conceber, muito menos suportar. O mundo ficaria reservado apenas a “homens superiores”, naturalmente os da “raça ariana pura”. Seres que ele, Hitler, procurava fervorosamente preservar da “contaminação com seres impuros”, de maneira a garantir supremacia dos “valores prodigiosos” contidos em sua perversa doutrina racial.

Adolf Hitler – as evidências estridentes de seus posicionamentos doutrinários estão aí pra confirmar – foi um fundamentalista extremado. O mais radical de todos, na interpretação das leis espirituais que regem a conduta humana e os fatos sociais que compõem nosso precioso e inalienável patrimônio humanístico. Tinha-se na conta de “vidente” portentoso. Valia-se de conceitos extraídos de pseudociências para demenciais propostas. Contava com o fanatismo apocalíptico de profetas como o austríaco Hans Horbiger, seu guru de cabeceira, e de companheiros tão insanos quanto o chefe, integrantes de sociedades herméticas engajadas na construção de um “admirável mundo novo”, composto de “semideuses”...

Essa condição de fundamentalista desvairado do “pai do nazismo”, perceptível em seus modos de pensar, falar e agir, não pode deixar de ser rememorada nesta hora. Ali e aqui, de modo alarmante, despontam no pedaço numerosos personagens e grupos radicais empenhados em desfraldar as bandeiras ignominiosas da intolerância, do ódio racial e das discriminações e posturas extremadas as mais diversificadas.

Em círculos devotados às práticas humanísticas e espirituais autênticas, onde se bebe inspiração para luta permanente em favor de um mundo melhor, a movimentação deletéria dos radicais é alvo de abominação. Repugna a todos eles – parcela majoritária entre os seres humanos -, vislumbrar em tantas reações fundamentalistas, religiosas ou políticas, da hora atual vestígios da incendiária doutrina nazista.




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