sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


Pingos nos iis

 “A imprensa coloca o lado do copo meio vazio.”

(Empresária Luiza Trajano)

A vitoriosa empresária Luiza Trajano, do “Magazine Luiza”, numa performance impecável, bateu de frente com comentaristas do programa “Manhattan Connection”, da Globo News, mostrando a irrealidade do quadro pessimista pintado nas intervenções dos interlocutores, entre eles o Diogo Mainardi, conhecido por sua fala invariavelmente rançosa. Na troca de opiniões registrada um representante altivo da atividade produtiva brasileira pingou os devidos pontos nos iis nas observações derrotistas e palpites infelizes de alguns partidários da tese de que o Brasil vai (sempre) de mal a pior.
O episódio televisivo veio a calhar como ilustração nas considerações que venho fazendo a respeito de certas análises despropositadas da realidade econômica e social brasileira.

A propósito deste mesmo assunto, andei alinhando pratrazmente mais dados e números sugestivos para a série de artigos lançados sobre nossa situação econômica e social. Nos comentários aludidos – como sabido - discordo das profecias apocalípticas de parte da mídia, agências de classificação de riscos e de setores despojados de sentimento nacional que, com intuitos os mais variados, demonstram incomum agilidade em acionar a três por quatro a tecla do “quanto pior, melhor”.

Faço a divulgação dos dados coletados, na certeza de que constituem manifestações vigorosas de uma saudável atividade produtiva levada avante pelas forças vivas da Nação na busca do progresso social.

Esses outros indicadores da econômicos positivos foram anunciados por porta-vozes dos próprios ramos de negócios citados: Œ O capital privado para saneamento/obras de infraestrutura registrou forte alta no ano transcorrido. Os valores expressivos alcançados resultaram de concessões assinadas ao longo do período. Tais concessões deram origem a elevação significativa no patamar dos investimentos. As cinco maiores concessões totalizaram 8 bilhões e 600 milhões de investimentos contratados. O montante foi superior em tão somente 240 por cento aos valores de 2012:  Outro recorde: o número de participantes ativos do sistema de consórcios. Os créditos comercializados aumentaram em cerca de 56 por cento com relação ao total movimentado há cinco anos passados: Ž O sistema bancário, como de praxe, acumulou em 12 meses resultados positivos de 61 bilhões 300 milhões no terceiro trimestre, com alta de 12 por cento na comparação anual de 2012. É o melhor da história. Outra vez.  Já o setor farmacêutico preconiza incremento para este ano de 12 a 13 por cento;  Foi superior a 71 bilhões, constituindo novo recorde, a captação líquida da poupança. Só em dezembro os números totalizaram mais de 11 bilhões, o maior já anotado em todos os meses da série histórica do Banco Central; Pesquisa do Ibope/You Pix assinala que o Brasil emerge como uma “potencia” no campo das redes sociais. O tempo gasto na rede garantiu-nos segunda colocação no ranking de passes do Facebook, ultrapassando a Índia, que congrega número bem maior de usuários. Nosso país é também o segundo classificado em usuários no Facebook e no Twitter, atrás apenas dos Estados Unidos. Esses resultados derivam, na avaliação dos pesquisadores, da acentuada melhoria das condições socioeconômicas nacionais. O setor de “outlets” sublinha que vai passar das seis unidades, hoje em operação, para 14. Em 2013 entraram em operação mais 10 milhões de celulares. O país dispõe hoje de 211 milhões 580 mil de linhas a acessos pré-pagos e 103 milhões 110 mil de linhas relativas a serviços pós-pagos; A arrecadação fiscal federal em 2013, a mais alta da história, foi de R$ 1 trilhão 130 bilhões.


Os ataques neoliberais ao Pontífice

“O dinheiro deve servir e não governar.”
(Papa Chico)

O núcleo mais radical do neoliberalismo colocou sob a mira furibunda de exaltados porta-vozes a figura suave, austera e carismática do Papa Francisco. Insurgiu-se contra os “erros” que o Santo Padre “vem cometendo” com suas críticas às desigualdades sociais deste mundo de Deus onde o diabo aprecia fixar chamejantes enclaves.

O “Financial Times”, da Inglaterra, publicação que reflete melhor do que qualquer outra o sentimento das ideologias extremadas que defendem escancaradamente autonomia sem restrições ao chamado mercado e à especulação financeira, escolheu simbolicamente a celebração natalina para descarregar, no dia 25 de dezembro passado, suas baterias contra as “incômodas” posições pontifícias. Escalou time titular de articulistas para cuidar com capricho da questão.

Os conceitos sobre a ordem social e econômica expendidos por Francisco no “Evangeli Gaudium” (Gaudio do Evangelho), divulgado no final de novembro de 2013, são criticados com azeda veemência. “O Papa está errado!”, garante enfaticamente a publicação britânica, revelando baita inconformismo com relação às ponderações constantes da “Exortação Apostólica” onde se deplora a “idolatria do dinheiro” incentivada pelo sistema econômico. Idolatria essa responsável por situações que agridem incessantemente a dignidade das pessoas. “Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz”, diz o Papa. Para acrescentar em seguida: “Tal desequilíbrio provem de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira”. Avançando um pouco mais, o documento da Santa Sé acusa o sistema financeiro de negar “o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum”.

Um outro “braço armado” da neoliberalice botou também a cara pra fora, por sinal de maneira bem agressiva, na exprobração à palavra sábia do Papa. Trata-se do célebre “Tea Party”, agrupamento ultraconservador estadunidense com atuação destacada nas fileiras políticas republicanas. Esses extremistas, tal como acontece no combate sem tréguas movido a Barack Obama “por suas ideias subversivas”, consideram Chico nada mais, nada menos que um perigoso bolchevista.

Sua conduta “herética” foge ao padrão, quando martela com firmeza, apoderado de certeza evangélica derivada de sua apostólica missão, alguns pontos essenciais da avassaladora crise de comportamento destes convulsionados tempos. Chico “ousa” propalar coisas que soam imensamente desagradáveis em círculos dominados pela ganancia sem limites e por despudorada insensibilidade social. Coisas “absurdas” desse teor: “Para apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com esse ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos darmos conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse responsabilidade de outrem, que não nos compete. A cultura do bem-estar anestesia-nos a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas essas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem mero espetáculo, que não nos incomoda de forma alguma”.

Dá, sim, perfeitamente, “pra entender” o mal-estar espalhado nos redutos neoliberais por esse Papa vindo dos confins do mundo, quando ele chama a atenção das elites para a necessidade de se encontrar saída justa, solidária e fraternal para a humanidade. Quando ensina que “o dinheiro deve servir e não governar”. Quando acentua “que numa reforma financeira que levasse em conta a ética” deveria surgir “vigorosa mudança de atitudes por parte dos dirigentes políticos”, de modo a enfrentarem com disposição o “jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco.” Ou ainda quando mostra que a situação caminha para desembocar inexoravelmente “num beco sem saída”, com “grandes massas da população excluídas e marginalizadas”.

Isso ai, gente boa e bem intencionada. É preciso reconhecer sem vacilações que o verbo de Francisco tem mesmo o dom de estremecer os alicerces de um sistema econômico injusto e de despertar consciências entre viventes acomodados.



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