sexta-feira, 30 de setembro de 2011

C O N V I T E

DIA MUNDIAL DO SERVIÇO LEONISTICO

Dia 8 (oito) de outubro, sábado, 9h30m (nove horas e trinta minutos), no Auditório JK na Cidade Administrativa, homenagem da Governadoria, Clubes e Academia Mineira de Leonismo, do Distrito LC-4, a Mulheres de destaque na sociedade mineira.
Os frequentadores deste Blog são convidados a participar.

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Outros infortúnios à vista


Cesar Vanucci *

“O mundo árabe continua em um estado fluido,
no qual mesmo imprevistos de menor porte podem ter desdobramentos imprevisíveis e incontroláveis.”
(Antônio Luiz M. C. Costa, jornalista)


As coisas lá pras bandas árabes continuam danadas de confusas. Não poucos observadores dos acontecimentos registrados nas convulsionadas paragens se acham apoderados de dúvidas e temores com relação a eventuais desvios de rumo no percurso da assim chamada “primavera árabe”, um movimento popular acolhido com enormes esperança e simpatia.

O sintomático emudecimento das agências noticiosas sobre o que passou a rolar no Egito, no Iêmen, Tunísia, Jordânia, Bahrein, até certo ponto, também, Síria, depois das passeatas e comícios que sacudiram as ruas, na maior parte dos casos, reprimidos com ferocidade pelas forças de segurança, deixa um bocado de gente com a pulga atrás da orelha.

As confabulações em torno da implantação de regras democráticas no jogo político avançaram? A livre expressão de idéias vem sendo garantida nesses territórios? As vozes de todos os grupos étnicos e de todas as correntes políticas e religiosas vêm se fazendo ouvir em aglomerações públicas, nos recintos fechados ou ao ar livre? Foram efetivamente banidas do pedaço as restrições, as censuras, as penalizações severas aos que assumam posições divergentes das versões dos fatos trazidas ao conhecimento público pelos detentores do poder? São perguntas que cruzam os ares à cata de respostas em meio a uma enxurrada de procederes contraditórios detectados em reações assumidas por protagonistas de dentro e de fora dos preocupantes eventos. Das armações engendradas nas estratégias das grandes potências, interessadas em não perderem o poder de influência na região, não importa as facções que se apossem do timão político, já temos dado algumas informações aqui neste espaço. Seria oportuno falar, agora, então, dos grupos que estão preenchendo os vazios de comando criados com a retirada de cena dos déspotas destronados. O caso, por exemplo, de Muamar Kaddafi, também conhecido por conta da truculência bárbara e extravagâncias administrativas por “cachorro louco”. O chefe do governo provisório instalado na Líbia ainda parcialmente conturbada, Mustafá Abdul Jalil, ex-ministro do tirano deposto, numa das primeiras decisões, já deixou evidenciada a linha retrograda, de puro maniqueísmo fundamentalista, que seu governo cogita implantar nos domínios recém conquistados. Articulado, percebe-se logo, com religiosos radicais, anunciou, pra estupefação geral, que a “sharia”, ou seja, uma abusiva interpretação da lei islâmica, constituirá o novo fundamento jurídico do Estado libio. Pelo édito lançado, prevalecerão no país, para mulheres, as mesmas regras repulsivas vigorantes na assustadora rotina mundana da Arábia Saudita e Afeganistão, para só falar de dois países imersos em concepção feudalica medieval, dominados por fanáticos religiosos. Na coibição de crimes contra o patrimônio e os bons costumes, se apelará também para “castigos exemplares”, sob forma de apedrejamento e amputação. Que a misericórdia de Alá se compadeça da sofrida população líbia, protegendo-a dessa nova onda de insânias e infortúnios à vista!



Fala de estadista


“O desemprego golpeia as famílias,
tira a esperança e deixa a violência e a dor.”
(Dilma Rousseff, Presidenta da República)

Indoutrodia definiram-na como uma das personagens femininas mais representativas do mundo contemporâneo. Após a fala de Dilma, a primeira de uma mulher na abertura oficial da Assembléia Geral das Nações Unidas, a admiração universal pela conduta da Presidenta brasileira só fez, com toda certeza, crescer.

Pronunciamento de estadista. Sob numerosos aspectos, de conteúdo nitidamente superior ao de outros mandatários brasileiros convocados, como reza a tradição desde a criação da ONU, a proferirem anualmente a alocução inaugural nas assembléias gerais da instituição. Contundente, sem se afastar do toque diplomático ajustável às circunstâncias, o discurso da Presidenta confere realce, com clareza e objetividade, a itens candentes de nossa realidade política, social e econômica. Entre os pontos enfocados, ao jeito de uma bronca mais do que compreensível, como reconheceram qualificados observadores, Dilma Rousseff cobrou enfaticamente das grandes potências uma solução coletiva para a crise mundial. Lembrou que “essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países”. Propôs, então, debaixo de aplausos, “um novo tipo de cooperação, entre países emergentes” – caso do Brasil e demais integrantes dos chamados BRICs – “e países desenvolvidos”. Uma proposta interpretada naturalmente, pelas lideranças mais lúcidas da opinião pública mundial, como esplêndida “oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais”, como acentuado na vibrante fala.

Interrompida repetidas vezes pelas manifestações calorosas da platéia, Dilma deixou registrado não ser por falta de recursos financeiros que os líderes das grandes potências ainda não souberam encontrar soluções para os problemas que angustiam a humanidade. Explicou, com precisão, o motivo das coisas não funcionarem a contento: “É, permita-me dizer, por falta de recursos políticos e de clareza de idéias.” Reportando-se ao aflitivo problema do desemprego, lembrou que “enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise, o desemprego, se amplia.” Trata-se de drama – pontuou – que “golpeia as famílias, tira a esperança e deixa a violência e a dor.”

Defendendo a presença permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, a chefe do governo brasileiro assinalou que a legitimidade do órgão se subordina, cada dia mais, à necessidade de sua reformulação. Um debate, afinal de contas, que já se espicha por décadas e que, no ver da comunidade internacional, não pode ser protelado indefinidamente. Louvando o ingresso do Sudão do Sul como novo integrante das Nações Unidas, lastimou, com toda razão, não poder, naquela mesma hora, saudar também a chegada à ONU da Palestina, com o desfrute em plenitude dos direitos de um Estado soberano associado.

Recebeu verdadeira ovação ao dizer estas palavras: “Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.” Acrescentou, com firmeza e sensatez: “Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender os legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.” Nada mais exato, convenhamos, na análise da problemática da turbulenta região.

Os Direitos Humanos, tão vilipendiados em tantas partes deste planeta, mereceram também de Dilma, no histórico discurso, um registro significativo. Ela expressou veemente repudio às repressões brutais que vitimam populações civis, sublinhando, com amargura, que o mundo vê-se às voltas, hoje, com as pungentes consequências de intervenções que só se aprestam a agravar os conflitos, além de possibilitar “a infiltração do terrorismo onde ele não existia.” Disso advêm novos ciclos de violência, com a multiplicação assustadora de vítimas civis.



Declarações memoráveis


“O desarmamento nuclear é fundamental para a
segurança pilar do Tratado de não Proliferação.”
(Presidenta Dilma Rousseff)

A fala incisiva da Presidenta Rousseff, acolhida com manifesta simpatia pelos representantes dos países presentes à sessão inaugural da Assembléia Geral da ONU, contemplou vários outros temas palpitantes, além dos focalizados em nosso último artigo. O papel da mulher no mundo contemporâneo, assunto por ela tratado com ênfase na campanha eleitoral passada, em meio a borrascas de incompreensões ditadas por uma mídia hostil e por adversários raivosos, ocupou largo espaço no aplaudido pronunciamento.

Dilma reportou-se a atuação fundamental das mulheres brasileiras na superação das desigualdades sociais. Lembrou que “nossos programas de distribuição de renda têm nas mães a figura central”, por serem elas que cuidam dos recursos que permitem às famílias investir na saúde e na educação de seus filhos. Reconheceu sensatamente que o Brasil, como os demais países, “ainda precisa fazer muito mais pela valorização e afirmação da mulher”. Confessou-se orgulhosa de representar, além das mulheres brasileiras, “todas as mulheres do mundo: as anônimas que passam fome, aquelas que padecem de doenças, as que sofrem violência e são discriminadas, aquelas cujo trabalho no lar cria gerações futuras.” No arremate dessa edificante linha de considerações, registrou: “Junto minha voz à voz das mulheres que ousaram lutar e participar da vida profissional e política e conquistaram espaço de poder.”

O momento do discurso que parece haver provocado o mais forte impacto emocional na atenta platéia foi aquele em que Dilma Rousseff, assegurando que o governo brasileiro irá, até o final de sua gestão, erradicar a pobreza extrema, asseverou que a melhor política de desenvolvimento “é o combate à pobreza”, convidando todos os países a participarem da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável programada, em 2012, para o Rio de Janeiro.

Logo na sequência, a voz compreensivelmente embargada, fez questão de reafirmar as crenças humanísticas que constituem seu ideal de vida: “Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da Democracia, da Justiça, dos Direitos Humanos e da Liberdade. É com esperança de que esses valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações que tenho a honra e iniciar o debate desta Assembléia.”

Horas depois do histórico discurso proferido na abertura solene da Assembléia Geral, a Presidenta Dilma Rousseff reocupou as atenções dos representantes dos países membros da ONU com outro memorável pronunciamento em que conclamou o mundo a abolir as armas nucleares. As agências noticiosas classificaram a declaração como a mais peremptória já ouvida na ONU, por parte de um chefe de Estado, sobre o sempre momentoso tema, debatido com extrema hipocrisia, como é notório, pelas grandes potências. “O desarmamento nuclear é fundamental para a segurança pilar do Tratado de não Proliferação, cuja observância as potências nucleares devem ao mundo”, afirmou.

Disse mais: “A segurança desse acervo militar nuclear merece tanta consideração quanto a dos materiais utilizados para fins pacíficos. Seria, sem dúvida, necessário para fins de segurança fiscalizar ambos. É imperativo ter no horizonte previsível a eliminação completa e irreversível das armas nucleares. A ONU deve preocupar-se com isso.”

Outra fala da Presidenta, sem sombra de dúvida, memorável.

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)



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